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Um fio de esperança para o planeta existe, mas é fundamental agarrá-lo com vontade

Um fio de esperança para o planeta existe, mas é fundamental agarrá-lo com vontade

Soluções existem, mas precisam sair do papel para a prática. Promover o conceito e a prática de como o empreendedor e o construtor devem atuar para fazer as soluções acontecerem.

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18-03-2023

18h:05

Rolando A. Neves*

Salvação há para o planeta devastado e a massa de hóspedes que nele vive. Mas é preciso agir rápido. Uma figura de linguagem para mostrar a urgência do perigo: é como se cada um de nós mortais estivesse dirigindo um carro em velocidade, olhando pelo retrovisor, fugindo das lavas de um vulcão em erupção que a tudo engolem, à medida que se esparramam logo atrás das rodas.

Marcos Casado, gerente técnico do Green Building Council Brasil (GBC) participante como conferencista do Seminário Internacional “Sustentabilidade e Ecoconstrução” promovido pela EcoConstruct Brazil e a Universidade Fumec conhece bem o perigo do descontrole dos ponteiros do relógio que giram contra o ritmo do planeta e da humanidade.

“Soluções existem, mas as ações precisam sair do papel para a prática; temos de promover o conceito e a prática de como o empreendedor e o construtor devem atuar no dia a dia para fazer as soluções acontecerem”, ele disse.

Não dá mais para não fazer nada e deixar o desastre acontecer, porque a consciência da sobrevivência na Terra está em xeque. “Se até 2030 não fizermos nada, vamos precisar de dois planetas Terra para, enfim, continuarmos vivos”, alertou Casado. E como ainda não temos uma réplica do planeta, só há a alternativa da sustentabilidade.

Os recursos não renováveis da Terra estão se esgotando. Dentro de 40 anos, segundo Casado, acaba-se o petróleo. O zinco não emplaca mais de 60 anos. A mesma coisa acontecerá ao cobre. Mas o pior corre atrás dos calcanhares de cada um de nós: a escassez crescente de água, só 2,5% potável.

A hora é de mudança dos conceitos de consumo. Daqui por diante a mudança fará a diferença. Neste momento em que se lê esta linha, mais de 50% da população do planeta não têm água potável. Como dormir com um barulho deste?

A pergunta pode chocar mais as pessoas que só agora deixaram cair a ficha se for acrescida do seguinte dado: até 2050, o planeta será a morada de nove bilhões de almas. Como arranjar   recursos naturais para tanta gente?

A solução está com cada um dos bípedes humanos do planeta. Estamos diante de uma questão de “equilíbrio das   prioridades”. Se imaginarmos o tripé da sustentabilidade como três esferas, a   esfera da Economia ganha disparado das esferas do Social e do Ambiental. Urge equilibrar as três de modo igualitário.

Como disse Marátma Gandhi, citado por Casado ao quase cheio auditório da Universidade Fumec, no Bairro Cruzeiro, “nós devemos ser a mudança que queremos ver no mundo”. É preciso pôr responsabilidade no viver. Ninguém é uma ilha. Quando menos se esperar uma avalanche de problemas ambientais estará batendo nas nossas portas.

Os acenos de Casado quanto à possibilidade de reversão dos problemas dão certo alento para quem pensa nas gerações atuais e nas que ainda virão. Mas a construção civil surge como um dos grandes vilões do planeta, devido a forma devastadora como atua há séculos, muitas vezes desperdiçando material que quase daria para edificar duas obras.

Na rotina diária, Casado, de baixa   estatura, transforma-se num guerreiro gigante nessa luta que deve ser de todos para salvar a humanidade do desastre, antes livrando o planeta, que é gente   como a gente: sente as dores da devastação, chora as lágrimas da impiedade dos homens e das mulheres.

“O grande trabalho nosso” – disse Casado – é ser facilitador no mercado fazendo tecnologia e apresentando materiais que possam viabilizar essa construção sustentável na prática”. Ele não a apresentou, mas disse que tem em mãos uma pesquisa feita por Business Week que mostra: hoje, jovens de 15 a 20 anos de idade cobram uma solução sustentável para o planeta.

Essa postura da juventude é vista como sinal de que a sociedade está se transformando. Mas todo cidadão deve exigir do mercado em geral produtos fabricados dentro dos conceitos de sustentabilidade. “‘Precisamos interferir cada vez mais na sociedade disseminando conceitos para que ela conheça e passe a exigir”, este é o caminho.

Em 2003, conforme Casado, 13% apenas das pessoas estavam engajadas neste processo. Em 2010, a expectativa era de que esse percentual ultrapasse a mais de 50% de engajados. É que, segundo ele, “o mercado está entendendo ser necessária uma mudança drástica, correr contra os ponteiros do relógio’.

*Rolando A. Neves é escritor e ambientalista.

Imagem da Galeria Se o planeta está sob risco, a situação da humanidade não é nada boa; vamos agira sobre isso
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