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Festival de História vai entrar fundo nos eventos que os livros escolares não registram

Festival de História vai entrar fundo nos eventos que os livros escolares não registram

Por exemplo, Hipólita Jacinta Teixeira de Melo, sabia que ela teve grande atuação na Inconfidência Mineira? Era uma assessora de comunicação do grupo e correu sérios riscos.

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Direto da Redação

18-03-2023

12h:13

Ela foi uma mulher da elite mineira no século XVIII, no Brasil Colônia, e quem for buscar o nome dela em algum livro de história, não vai encontrar. Mas a atuação dela, 200 anos atrás, em busca da independência do Brasil foi importante, na luta pela Inconfidência Mineira.

O nome dela? É Hipólita Jacinta Teixeira de Melo. E vai ser homenageada, para ter a memória resgatada, dentre outras coisas, por ter auxiliado na tarefa de comunicação com os inconfidentes, correndo riscos ao distribuir cartas e comunicados aos companheiros.

Atualmente, as mulheres estão se reposicionando no âmbito da sociedade, se conscientizando da igualdade de direitos com os homens, mas naquela época, dá para imaginar o quão submissas, porque reprimidas, eram as mulheres, mas Hipólita se mostrava diferente. Tanto que, ao saber que o líder Tiradentes havia sido preso, ela protagonizou uma rebelião armada para “salvar o movimento”.

Se fosse nos dias de hoje uma mulher reagir do modo que ela reagiu naquela época, por meio de uma carta dirigida ao padre Carlos Toledo e ao tenente-coronel Francisco de Paula Freire, Hipólita, fazendeira, disse o que homem algum gostaria de ouvir. “Quem não é capaz para as coisas, não se mete nelas. E mais vale morrer com honra do que viver em desonra”.

Com esse espírito de justiça, a inconfidente esquecida nos livros de história terá a reparação da memória dela por meio do Panteão dos Inconfidentes, no Museu da Inconfidência, durante o Festival de História (fHist) programado para 13 a 29 de abril, em três cidades desta Minas Gerais, Mariana, Ouro Preto e Belo Horizonte.

 Para fazer justiça à memória dessa importante personagem, antes da homenagem a lhe ser conferida haverá uma mesa de debates sobre o tema “Hipólita estava lá”. Será em 29 de abril, em Ouro Preto, e deverá contar com as presenças da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia Antunes Rocha, da historiadora Heloísa Starling e da cantora e compositora Zélia Duncan.

O tema central do Festival é: “Histórias para não esquecer” tem forte ligação com o caso dessa mulher. Ela não seria esquecida, certamente, se a história dela tivesse sido contada; se não tivesse sido “apagada pela versão oficial dos fatos”, como disse a curadora do Festival de História, Pilar Lacerda, educadora.

 A história dessa mulher é um claro exemplo de como mulheres que tiveram participação destacada na nossa história foi simplesmente apagada. “Ela foi sempre muito ativa na Inconfidência Mineira, mas, até hoje, não há um reconhecimento de seu papel no movimento”.

Um dos idealizadores do fHist, jornalista Américo Antunes, o evento quer ir além da memória dessa extraordinária mulher. A ideia, segundo ele, é democratizar e popularizar os fatos históricos, a fim de alcançar público o maior possível.

Desde o ano de 2011, quando da primeira edição em companhia com o historiador e editor da revista História da Biblioteca Nacional, Luciano Figueiredo, a intenção sempre foi, segundo Antunes “criar no Brasil um espaço democrático que visa à compreensão não só do resgate das memórias do passado, bem como entender melhor o futuro a partir das lições que o passado nos ensina”.

Dentro do tema geral, o historiador e jornalista Antunes salienta “histórias para não esquecer”, como maneira de resgate dos “movimentos sociais que tiveram a história obscurecida, como as revoltas dos homens escravizados que ocorreram em Minas Gerais”.

Um deles, em 1833, chamado “Movimento de Carracas”, organizado por homens e mulheres escravizados, deu-se numa época de movimentos de contestação que a historiografia oficial deu pouca importância.

Nesta edição do evento deverá acontecer um debate sobre os 200 últimos anos do Brasil. Para participar da programação do festival, as inscrições estão abertas desde o dia 15. Constam da programação mesas de debates, conferências, “aulões” minicursos, exposições em um caminhão-museu e shows artísticos.

Imagem da Galeria Hipolitana foi muito importante na Inconfidência Mineira, mas a história recusou a menciná-la
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