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Hidrogênio verde, energia do futuro, com crescimento exponencial chega a Minas

Hidrogênio verde, energia do futuro, com crescimento exponencial chega a Minas

O uso intensivo do hidrogênio implicará na formação de um mercado mundial estimado em mais de US$ 1 trilhão em venda direta da molécula ou derivados.

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13-03-2023

08h:55

Enio Fonseca*

O interesse mundial pelo hidrogênio como fonte de energia está em crescimento exponencial, pois ele tem sido considerado estratégico na transição energética dos combustíveis fósseis para os considerados pouco poluentes.

Quase 300 projetos de hidrogênio verde estão em construção ou foram iniciados em todo o mundo, e somente a União Europeia (UE), se comprometeu a investir US$ 430 bilhões em hidrogênio verde até 2030, e os Estados Unidos incluíram 5,2 bilhões de euros (US$ 5,5 bilhões) em subsídios para projetos de hidrogênio no último ano.

O uso intensivo do hidrogênio implicará na formação de um mercado mundial estimado em mais de US$ 1 trilhão em venda direta da molécula ou derivados. O mercado brasileiro de H2verde poderá alcançar um valor anual da ordem de R$ 150 bilhões a partir de 2050, dos quais R$ 100 bilhões serão provenientes das exportações.

No Brasil, diante dessa expectativa de maior demanda do uso de hidrogênio, nada menos que 43 empresas já se associaram à Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), e existem projetos sendo desenvolvidos em vários Estados.

Em Minas Gerais será construído no bairro Olhos D'Água, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a primeira fábrica de geradores de hidrogênio verde da América do Sul, pelo grupo NEA, Newman & Ester, num investimento de R$ 70 milhões.

O uso do hidrogênio como fonte de energia não foi descoberto agora, no passado, ele não se consolidou como uma fonte segura e eficaz, mas tornou-se agora a aposta mundial para a transição energética.

O elemento químico Hidrogênio, conhecido pela letra H, é o mais abundante do universo, sendo encontrado e utilizado pelo homem na sua forma molecular; é um gás incolor e inodoro, altamente inflamável e de combustão espontânea ao ar livre, produzindo uma chama também incolor.

O hidrogênio é um combustível limpo que, quando consumido em uma célula a combustível, produz apenas água. O hidrogênio pode ser produzido a partir de uma variedade de recursos, como gás natural, energia nuclear, biomassa e energia renovável como solar e eólica. Essas qualidades o tornam uma opção de combustível atraente para aplicações de transporte e geração de eletricidade. Ele pode ser usado em carros, em casas, como fonte de energia também em unidades industriais, dentre muitas outras aplicações.

O hidrogênio é muito poderoso: tem três vezes mais energia do que a gasolina, mas, ao contrário dela, não produz dióxido de carbono (CO2).

Na Terra, o hidrogênio só existe em combinação com outros elementos. Ele está na água, junto ao oxigênio, e se combina com o carbono para formar hidrocarbonetos, como gás, carvão e petróleo. Portanto, o hidrogênio precisa ser separado de outras moléculas para ser usado como combustível, e conseguir isso requer grandes quantidades de energia.

Até agora, os hidrocarbonetos eram usados para gerar essa energia, então a produção de hidrogênio continuava a poluir o meio ambiente com CO2.

Atualmente, 99% do hidrogênio usado como combustível é produzido a partir de fontes não-renováveis. E menos de 0,1% é produzido por meio da eletrólise da água, de acordo com a Agência Internacional de Energia”. A eletrólise usa uma corrente elétrica para dividir a água em hidrogênio e oxigênio em um dispositivo chamado eletrolisador. O resultado é o chamado hidrogênio verde.

O consumo de hidrogênio no mundo terá de aumentar pelo menos seis vezes nos próximos 30 anos para que sejam alcançadas as metas globais de descarbonização, especialmente em usos industriais e mobilidade limpa. Sozinho, o consumo de hidrogênio verde (H2verde) – gerado por energia renovável ou por energia de baixo carbono – terá de passar das atuais 90 milhões de toneladas/ano para 527 milhões de toneladas/ano a partir de 2050, um mercado que o Brasil tem capacidade para liderar.

Os tipos de hidrogênio que vem sendo trabalhados são conhecidos pela sua associação com cores:

Hidrogênio marrom: É o criado por meio da gaseificação do carvão;

Hidrogênio cinza: É o processo de produção a partir do gás natural em que há liberação de resíduos de carbono;

Hidrogênio azul: Usa a captura e o armazenamento de carbono para os gases de efeito estufa produzidos na criação do hidrogênio cinza;

Hidrogênio verde: É o recurso definitivo de produção do hidrogênio combustível limpo. Ele usa energia renovável para a produção do combustível. Essa energia pode ser usada, por exemplo, na eletrólise, fazendo com que sua produção seja inteiramente renovável;

Hidrogênio Rosa: produzido por eletrólise utilizando energia de usinas nucleares

Porém, existem pontos importantes a serem equacionados para que esse elemento químico possa ser a grande alavanca da transição energética, juntamente a outras fontes de geração verdes, como eólicas, solares e hidráulicas.

O hidrogênio é um gás propenso a vazamentos com um potente efeito de aquecimento próprio, e são necessárias medidas para evitar que ele escape para a atmosfera.

Quando produzido por hidrocarbonetos e não por hidrólise a partir de fontes verdes suas emissões podem ter até 60 vezes mais poder de aquecimento do que uma quantidade igual de CO2.

Por outro lado, se for produzido usando energia renovável e água e as taxas de vazamento forem mínimas, a mudança para o hidrogênio quase eliminaria os impactos do aquecimento dos combustíveis fósseis”.

Nenhum dos sistemas de certificação de hidrogênio existentes é adequado para o comércio transfronteiriço; lacunas em design, padrões e rótulos ecológicos, por exemplo, significam que os certificados fornecem informações insuficientes para permitir uma comparação justa entre fronteiras.

O valor do hidrogênio para lidar com a crise climática depende de onde ele é usado, como é produzido e se o risco de vazamento é neutralizado.

O mundo tem hoje no hidrogênio uma aposta para modificar a matriz energética. Este assunto é hoje um dos mais discutidos em fóruns de planejamento energético, de sustentabilidade, de investimentos e dos planos de ação de governos e empresas.

*Enio Fonseca é CEO da Pack of Wolves Assessoria Socioambiental, foi Superintendente do Ibama, Conselheiro do Copam e Superintendente de Gestão Ambiental da Cemig, é parceiro da Econservation.

Imagem da Galeria Unidade geradora de hidrogênio a ser fabricada em Olhos D'água em Minas Gerais
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