Hotel São José, construído em 1937, pérola de Montes Claros, foi demolido

Ninguém sabe o que será daquele espaço vazio na Praça Coronel Ribeiro, mas as especulações são de um espigão dos maiores da cidade ou um estacionamento de veículos.

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13-02-2023

09h:54

Alberto Sena*

Ao rés do chão, o antigo imóvel inaugurado em 1937, na Praça Coronel Ribeiro, em Montes Claros, para ser o melhor hotel, foi demolido. Com o prédio no chão, ao contrário do que se podia imaginar, as histórias dele permanecerão para o sempre, toda vez que os montes-clarinos virem a foto do Hotel São José pendurada à parede.

Como montes-clarino de nascença, evidentemente senti no fundo de mim a tristeza de saber que ali naquela praça estará falta ele, o hotel que já foi a pérola da cidade e hospedou gente importante sem conta, num tempo em que Montes Claros era um arraial.

Agora, toda metida, vestida de roupas novas, quer se modernizar de vez e apagar das vistas as construções que sinalizavam, materialmente, onde havia um ponto de história de um tempo para ser ocupada por outro, que, imagino, será um edifício de dezenas de andares, ou senão um grande estacionamento, o que tem sido moda na cidade.

Mais dia menos dia isso iria acontecer, porque a demolição era conteúdo de várias crônicas anunciadas. Afinal, o poder econômico é de fato poderoso e açodado, se deixar, a voracidade imobiliária parte para cima de tudo porque têm nas meninas dos olhos só cifrões.

Por dentro, o prédio, que já não era mais hotel, vinha sendo demolido por dentro, de modo que dos quartos poucos restavam porque passaram por reformas a fim de ser usado comercialmente.

Nos novos tempos de mim, década de 1960, o hotel em movimento constante, na calçada, de um lado e do outro antes das escadas de entrada foram instalados dois bancos, e era divertido sentar ali para assistir do “footing” das moçoilas que circulavam pela praça ou desciam e subiam a Rua Doutor Santos.

Mas isso são só vivências, sem saudosismo porque faz mal e a vida segue sempre para a frente. O fim do prédio do Hotel São José é mais um exemplo disso. O imóvel foi para ao rés do chão, mas as lembranças, mesmo que um tanto ofuscada pela neblina do tempo, permanecerão.

Certamente, porque o hotel foi ao chão, o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico deve ter esgotado todos os esforços para tentar impedir, mas o poder econômico fala mais alto, e é preciso levar em conta, principalmente, os interesses particulares dos seus proprietários.

*Editor Geral.