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Defesa prejudicada com a privatização da fábrica de helicópteros de Itajubá, no Sul de Minas

Defesa prejudicada com a privatização da fábrica de helicópteros de Itajubá, no Sul de Minas

O colunista do JB e também do Diário de Minas, Wilson Cid, trata em “Coisas de Política”, sua coluna, da privatização da Helicóptero do Brasil (Helibras), por meio de um texto que ele autoriza a transcrição, e segue abaixo:

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09-02-2023

08h:15

Wilson Cid*

“Não fossem muitos problemas que vêm ocupando gabinetes do governo, alguns deles com a ameaça de perigosos avanços, os ministros já teriam manifestado interesse sobre algo que ocorre em Minas, porque afeta o espírito e a essência da política de defesa nacional. Deu-se que o governador Romeu Zema decidiu abrir mão da participação acionária do Estado no capital da Helibras, referência nacional e internacional como produtora de helicópteros para atividades civis e militares. O fato de a empresa responder por um importante segmento da Defesa, sendo ela a única do gênero operando em toda a América Latina, é motivo de preocupação, ao desvincular-se de responsabilidades diretas com a segurança do País. O helicóptero é o principal e mais ágil veículo no transporte de tropas e subsistência, sobretudo em regiões acidentadas, numerosas no Brasil. No campo da defesa, é, portanto, estratégico.

“Parece claro que o governador mineiro tomou tal decisão antes de consultar a conveniência nacional. Houvesse consultado, os organismos responsáveis pela segurança certamente objetariam.

“Outro detalhe, sem sair do campo da segurança nacional, é que a unidade da Helibras em Itajubá não apenas está sendo privatizada, como também – o mais grave – caminha para a desnacionalização, pois as ações, até agora dos mineiros, vão para a Airbus europeia.

“Cuidando-se de uma empresa que presta serviços às Forças Armadas, a negociação conflita com o discurso do governo federal, que tem apregoado disposição de olhar para uma eficiente indústria de defesa do território nacional. Estranha o fato de ainda não ter atentado para o caso da Helibras, cuja vinculação com as armas já lhe justificou o benefício fiscal definido pelo Regime Tributário Diferenciado.

“A importância da empresa tem, portanto, precedência sobre alegações do governador de que Minas carece de reduzir os diagramas deficitários. Neste particular, antes mesmo de a União entrar em cena, cabe ao Tribunal de Contas do Estado emitir parecer elucidativo, porque, a se considerar a venda das ações como remédio contra a pobreza do orçamento, melhor seria transferi-las à custódia do BNDES. Confiando àquele banco os títulos acionários, estariam consultados os interesses mineiros, sem prejuízo dos planos de defesa nacional”.

*Wilson Cid trabalhou na rádio “Itatiaia” e na “Sociedade”. Em Juiz de Fora, no “Diário Mercantil” e no “Diário da Tarde”. Trabalhou no “Hoje em Dia” e foi correspondente de “O Globo”; no “Diário Regional”, “Panorama” e “JF Hoje”. Participou da “TV Mariano Procópio” e do jornal “Ter Notícias”. Hoje possui um blog com mais de 63 mil seguidores.

Imagem da Galeria O articulista Wilson Cid critica a privatização da Helibras, em um momento crucial
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