Primeiro-ministro alemão Olaf Scholz peregrina pela América do Sul em busca de lítio
Ele trouxe R$ 1 bilhão para investimento na Amazônia, mas está interessado mesmo é em assegurar um bocado do lítio que os três países possuem para barrar o avanço chinês no mercado.
31-01-2023
08h:20
Bertoldo Pena*
Quem pensa que o primeiro-ministro alemão Olaf Scholz veio à América do Sul e visitou Argentina, Chile e Brasil só para manutenção dos laços de amizade entre os países, pode ir logo “tirando o cavalinho da chuva”, como se costuma dizer no interior de Minas Gerais.
O alemão trouxe alguma milhões para investimento na Amazônia, mas está interessado mesmo é em assegurar um bocado do lítio que os três países possuem em maior quantidade, porque ele – e não só ele – está sentido o avanço chinês em relação ao mineral mais procurado como agulha em palheiro.
Além de ter quantidade expressiva de lítio, tanto é que ocupa o terceiro lugar no ranking, os chineses adquirem mais e mais no exterior e dominam mais de 90% do mercado internacional com a matéria-prima trabalhada, pronta para uso em fábricas de baterias de carros, de celulares e de tudo mais eletrônico que é indispensável em nossos dias.
Diante dessas notícias, nós, que estamos aqui acompanhando o movimento de rotação e translação da Terra ao redor do Sol, ficamos a pensar o quanto o lítio de Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha (MG) está valorizado a partir dessa procura exasperada.
O importante, em meio a esse corre-corre é ficar atento à maneira como o lítio é extraído, porque nada justifica mais o fato de as empresas mineradoras de modo quase geral não cuidarem do social no lugar onde possuem planta.
Atualmente, a empresa Sigma Lithium, de origem canadense, prevê para abril deste ano o início da exploração do mineral. Mesmo antes de iniciar o processo, a direção dela, na pessoa da economista Ana Cabral Gardner, co-CEO da empresa, já se ocupa das questões sociais, tanto em Araçuí como em Itinga, numa proporção de 50% de recursos em cada município, como disse Letícia Sangaletti, com a quem o Diário de Minas conversou por meio de uma teleconferência.
Impedir a mineração em Minas Gerais é um contrassenso porque o próprio nome do Estado já remete à situação do solo, rico em minerais. Evidentemente, há lugares que, embora tenham minério, não pode ser explorado. Mas há um sem-número de outros que podem, e não se aceita que seja feita uma exploração de qualquer modo.
É fundamental antes passar pela aprovação de todos os órgãos existentes para normatizar a exploração, como é o caso da Sigma, que chega ao Vale do Jequitinhonha com métodos de exploração mineral dentro das exigências (ESG) internacionais, tendo em vista as mudanças climáticas.
É importante ver de perto o que a Sigma faz em Araçuaí e em Itinga, tanto na planta como e principalmente na área social, o que pode servir de parâmetro para outras empresas já implantadas.
*Jornalista.