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Os Data Centers e a pegada de carbono; o consumo de energia aumentará significativamente

Os Data Centers e a pegada de carbono; o consumo de energia aumentará significativamente

Os data centers são uma frente adicional na luta contra a mudança climática: são responsáveis por 2,5% de todo o dióxido de carbono produzido, superior ao da indústria da aviação 2,1%.

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27-01-2023

09h:53

Enio Fonseca*

A gestão empresarial mundial, em todos os seus segmentos, depende cada vez mais dos data centers. Eles significam que o futuro chegou e que todas deverão se utilizar deles de alguma forma, em seu dia a dia.

Sua importância pode ser medida de muitas formas, uma delas, é a pegada de carbono, foco das medidas preconizadas pela sustentabilidade, princípios ESG, ODS 2030, visando a emissão de GEE, gás efeito estufa, que é uma das maiores registradas no mundo, como veremos a seguir.

Em termos mais simples, um data center é uma instalação física que as empresas usam para hospedar aplicativos e dados essenciais. O design de um data center é baseado em uma rede de recursos de computação e armazenamento que permitem a disponibilização de aplicativos e dados compartilhados. Os principais componentes do design de um data center incluem roteadores, switches, firewalls, sistemas de armazenamento, servidores e controladores de disponibilização de aplicativos. Existem vários tipos de Data centers, a saber:

Corporativos, que são criados, adquiridos e operados por empresas e são otimizados para os usuários finais. Na maioria das vezes, eles estão alojados no campus corporativo.

De serviços gerenciados, que são gerenciados por terceiros (ou por um provedor de serviços gerenciados) em nome de uma empresa. A empresa aluga os equipamentos e a infraestrutura em vez de comprá-los.

Compartilhados ou de colocation ("colo"), onde uma empresa aluga o espaço em um data center de propriedade de terceiros e localizado fora das instalações da empresa. O data center de colocation hospeda a infraestrutura: construção, resfriamento, largura de banda, segurança etc., enquanto a empresa fornece e gerencia os componentes, incluindo servidores, armazenamento e firewalls.

 Em nuvem, onde os dados e aplicativos são hospedados por um provedor de serviços em nuvem, como Amazon Web Services (AWS), Microsoft (Azure) ou IBM Cloud ou outro provedor de nuvem pública.

Os dados que movem o mundo estão conectados em vários data centers, na borda e nas nuvens públicas e privadas. Os data centers se comunicam entre si.

No mundo da TI corporativa, os data centers são criados para oferecer suporte a aplicativos e atividades de negócios, focados em segurança de dados e informações, que incluem:

* E-mail e compartilhamento de arquivos

* Aplicativos de produtividade

* Ferramentas de gestão do relacionamento com o cliente (CRM)

* Sistemas de gestão empresarial (ERP) e banco de dados

* Big data, inteligência artificial e aprendizado de máquina

* Desktops virtuais, comunicações e serviços de colaboração

Os dados são o combustível do data center moderno. Os sistemas de armazenamento são usados para armazenar essa mercadoria valiosa, movidos pelos aplicativos que são os motores dessas instalações, suportados pelos recursos de computação e pela energia elétrica, com fontes de alimentação ininterruptas (UPS), ventilação, sistemas de resfriamento, supressão de incêndio, geradores de backup e conexões com redes externas.

O armazenamento de dados tem ocupado espaço nos servidores e gerado maior consumo de eletricidade, deixando um rastro digital de carbono pelo caminho - até mesmo em situações simples do cotidiano, como carregar imagens na nuvem.

Mais de 65% dos dados digitais gerados, processados e armazenados pelas empresas são de um único uso, de acordo com pesquisadores da Digital Decarbonisation Association, ligada à Universidade de Loughborough, no Reino Unido.

A transformação digital é um passo inevitável na sustentabilidade de companhias. Se bem utilizadas e feitas em escala, as tecnologias digitais poderiam reduzir as emissões de carbono em 20% até 2050 nos três setores que mais emitem: energia, materiais e mobilidade. Entretanto, calcula-se que a digitalização tenha gerado 4% das emissões globais de gases de efeito estufa em 2020, conforme a consultoria Ernst Young.

Os maiores emissores de GEE são em grande parte de setores como, transporte, construção, aviação, desmatamento e a indústria pesada. Mas os data centers agora constituem uma frente adicional na luta contra a mudança climática: sozinhos, são responsáveis por 2,5% de todo o dióxido de carbono produzido pela humanidade, um valor superior ao emitido pela indústria da aviação (2,1%), segundo o Fórum Econômico Mundial.

Um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que o consumo de energia dos data centers aumentará significativamente nos próximos anos, representando até 8% do consumo global de eletricidade em 2030.

Para se tornarem mais eficientes energeticamente, e mais sustentáveis, estas empresas estão procurando adaptar sua infraestrutura, adotando medidas que vão desde conceber seus próprios processadores – usando tecnologias de inteligência artificial (IA) como o “deep learning” para treinar os dados –, a geração de energias renováveis, até a construção de circuitos fechados de resfriamento.

As grandes empresas de data centers estão produzindo processadores que consomem muito pouca energia. E os modelos de computação com inteligência artificial permitem moderar significativamente o uso de energia para tarefas muito simples.

A Amazon se apresenta como o maior comprador corporativo de energia renovável do mundo e deve alimentar suas operações com 100% de energia renovável até 2025, antes de seu objetivo inicial de 2030. Energia renovável é o caminho a ser seguido para esses consumidores e grandes emissores de carbono.

As grandes empresas serão responsáveis por dar o “empurrão” para que as companhias menores, e até mesmo os consumidores, também se envolvam na redução da pegada de carbono.

Além de se preocupar com toda a questão da responsabilidade corporativa e do meio ambiente, que agrega valor à marca, será cada vez mais caro emitir CO2, sendo que os governos exigirão que as grandes empresas demonstrem que estão reduzindo o carbono em toda a cadeia, inclusive com eventual mecanismo de cobrança.

*Enio Fonseca é CEO da Pack of Woves Assessoria Socioambiental, foi Superintendente do Ibama, Conselheiro do Copam e Superintendente de Gestão Ambiental da Cemig.

Imagem da Galeria Enio Fonseca está de volta e com a abordagem de um assunto da mais alta atualidade
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