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Mais de meio século depois, se percebe claramente o quanto BH carece de requalificação

Mais de meio século depois, se percebe claramente o quanto BH carece de requalificação

A partir do clima, que era temperado e até recomendado para quem sofria de tuberculose, muita coisa deteriorou na capital dos mineiros, e urge requalificar a cidade, antes que tarde.

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Direto da Redação

16-01-2023

12h:49

Alberto Sena*

Há mais de meio século – em 1972 – completado em dois de fevereiro próximo, quando aqui nestes belos horizontes aportei, oriundo de Montes Claros, no Norte de Minas, esta cidade possuía clima temperado. E tanto é verdade que gozava da fama de possuir clima tão bom capaz de curar tuberculose, um dos males da Humanidade.

Mais ainda: a capital era conhecida também como “Cidade Jardim”. Os fícus da Avenida Afonso Pena já haviam sido cortados, mas, assim mesmo sustentava o título porque as ruas eram – e ainda são – bem arborizadas.

Morei seis meses na casa de uma de minhas irmãs e outros seis meses na casa de outra irmã, e me mudei para um hotel na Rua da Bahia, quase esquina de Rua Timbiras, no Centro, onde é hoje o Teatro Cidade.

Belo Horizonte era o que tinha de melhor para quem vinha em busca de moinhos de ventos contra os quais se poderia lutar como Dom Quixote, de Cervantes.

A cidade oferecia uma boa quantidade de cines de rua, onde eram exibidas fitas de um cinema fortemente atraente, com atores fabricados genuinamente em Hollywood. Cinema era a principal diversão.

A Feira Hippie da Praça da Liberdade estava iniciando e havia nisso uma aura criadora numa época de regime militar que, embora duro, não conseguia estancar a fonte de criatividade e reação. Era como querer segurar água com a mão.

Além de cinema, havia os barzinhos e boates também. Mas os barzinhos do Centro, os mais marcantes eram o Saloom, na Rua Rio de Janeiro, em frente ao cine Palladium, com uma área acima mais reservada, onde se podia beber e namorar.

Havia o Chorare, na Rua da Bahia, logo acima da esquina com Rua Timbiras, um lugar gostoso, lançado por um grupo de amigos encabeçado pelo jornalista Benjamim Abaliack, colega no jornal Estado de Minas.

Outro barzinho interessante era o Aloha, na Avenida Álvares Cabral, próximo da esquina com Rua Espírito Santo. Nele havia uma área externa, bem arborizada, um lugar aprazível, como era a cidade daqueles idos tempos.

Não se pode esquecer do restaurante do Lucas; Pelicano, Gruta Metrópole, Lanchonete Nacional, Bar do Chico, Sociedade dos Engenheiros, com sua “hora dançante”; e os barzinhos do Maleta.

Se tivesse hoje os 22 anos de idade com os quais vim para Belo Horizonte, mas na Montes Claros atual, com toda a sua expansão urbana metropolitana e desenvolvimento, certamente eu não teria me mudado para Beagá, porque MOC satisfaria todos os meus sonhos e desejos, pessoais e profissionais.

Mas nada tenho que reclamar desta cidade com a qual me identifiquei desde criança, na adolescência e na fase adulta, até a vinda definitiva.

Entretanto, Belo Horizonte precisa, urgentemente, de consumar uma requalificação, porque às vistas de todos nós, a capital dos mineiros se vai deteriorando a cada dia mais.

*Jornalista

Imagem da Galeria Belo Horizonte, ex-Cidade Jardim, precisa da atenção da administração para melhorar
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