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“Os Dois Irmãos” título de livro de França Júnior e usado também por Wander Piroli

“Os Dois Irmãos” título de livro de França Júnior e usado também por Wander Piroli

Mas os personagens centrais são os irmãos professor Darcy e o médico Mário Ribeiro, de Montes Claros. Darcy foi secretário Extraordinário em Minas, e Mário prefeito municipal.

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15-01-2023

18h:25

Bento Batista*         

O escritor mineiro Oswaldo França Júnior escreveu vários livros. Belos livros. Um deles, ele titulou assim: “Os dois irmãos”.

Alguns anos depois, o também escritor Wander Piroli, amigo fraterno de França Júnior, escreveu um pequeno livro e deu o mesmo título, “Os dois irmãos”. Claro que Piroli consultou antes o amigo, e este lhe deu a permissão de usar o título.

França nem Piroli estão mais no meio de nós. Os dois legaram aos que se alimentam também de literatura livros os mais importantes. Não é o caso de aqui fazer uma resenha sobre os livros deles.

Mas como em vida conheci e convivi com ambos, me permito dirigir a eles, “post-mortem”, o meu pedido de licença para também usar o título “Os dois irmãos” neste texto a fim de homenagear outros dois irmãos grandes personagens montes-clarinos os quais tive prazer em conhecer e gostaria de sobre eles discorrer daqui para frente.

Um dos dois irmãos se chamava Darcy Ribeiro e o outro Mário Ribeiro. Conheci primeiro o Mário. E me recordo muito bem que foi numa manhã, na redação do O Jornal de Montes Claros, na Rua Doutor Santos, 103, Centro.

Mário chegou à redação com aquele jeito agitado e o tom de voz característico. E como um repórter iniciante, eu fiquei encantado ao ser apresentado a ele, cidadão da melhor espécie. Recordo-me que papo vai papo vem, aproveitei para fazer uma consulta ali naquele momento, como médico que era. Mostrei a ele uma mancha surgida no meu braço direito, fruto talvez do costume de usar piscina e material de esportes, e ele segurou meu braço deu uma espiada e disse:

- É impinge.

E eu sabia lá o que era impinge? Daí, perguntei:

- E o que eu faço?

Ele respondeu:

- Passa iodo, que desaparece.

Passei. Desapareceu

Quanto a Darcy Ribeiro fui a ele apresentado uns 15 anos depois, de conhecer Mário, na década de 1980, quando ele veio para Belo Horizonte a fim de implantar uma versão dos Ciepes, programa lançado com sucesso no Rio de Janeiro. No dia em que fui apresentado ao Darcy descobri a importância que os dois irmãos tiveram e ainda têm em minha vida pessoal e profissional.

Mário teve importância na minha contratação como repórter no jornal Estado de Minas, na década de 1970. Ele tinha amizade pessoal com o então editor geral do EM, Cyro Siqueira. Eu já atuava no jornal e ele auxiliou na minha contratação, como repórter da editoria de Polícia, conduzida por Wander Piroli.

Quando Darcy foi secretário extraordinário no governo de Newton Cardoso, precisava de um jornalista para a sua assessoria, e quando o meu nome foi levado a ele, sabem o que Darcy fez? Telefonou para Mário, em Montes Claros, pedindo informações ao meu respeito. Isto eu ouvi da boca do próprio Darcy.

Quem sou eu para falar aqui sobre o Darcy, personalidade montes-clarina das maiores, senão a maior, que além de ter levado o nome do Brasil ao mundo inteiro, elevou Montes Claros ao mais alto píncaro.

Passei seis meses com Darcy e foram os mais importantes seis meses da minha vida profissional. Todos os dias, de segunda a sexta-feira, logo cedo, às 8h nós tínhamos – eu e Carlos Olavo da Cunha Pereira – de estar sentados diante dele para falar de tudo.

O mais espantoso para mim foi que, em seis meses de convivência, recebi das mãos de Darcy quase todos os livros que ele escrevera. Cada um com dedicatória mais interessante do que a outra.

Entre todos os dois irmãos que já conheci em Montes Claros, onde vivi até 1972, Mário e Darcy foram os mais importantes, pelos motivos confidenciados.

Darcy era vários Darcy’s. Ele mesmo dizia isto. Mas o título que ele mais gostava era o de professor. Professor Darcy Ribeiro, um homem que fez o que pôde para desasnar – verbo cunhado por ele – os brasileiros. Darcy tinha amor enorme aos humanos principalmente os da América Latina.

Mário, que não seguiu a mesma trilha do irmão mais velho, ajudou a construir a Montes Claros de hoje. Em tudo que for matéria de cultura, medicina, esporte, cinema e outras atividades da cidade, tem o dedo, a mão ou a cabeça de Mário Ribeiro.

Os dois irmãos, aqui, um frente ao outro, compenetrados, certamente conversavam sobre algo da maior importância. Da altura da importância que os dois irmãos tiveram em vida para gerações de montes-clarinos, mineiros e brasileiros de modo geral.

*Jornalista.

Imagem da Galeria Darcy e ´irmão dele, Mário, sao dois grandes personagens da Montes Claros de hoje
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