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População do Vale precisa se conscientizar, a compensação do lítio é a sua redenção

População do Vale precisa se conscientizar, a compensação do lítio é a sua redenção

As gentes de Itinga e de Araçuaí não devem se deixar iludir, têm de exigir compensações da Sigma para melhorar a qualidade de vida de todos e não devem aceitar ser exploradas, colonizadas.

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16-12-2022

09h06

Anes Otrebla*

Mais de 40 anos depois da introdução da monocultura de eucalipto no Vale do Jequitinhonha, é possível fazer um balanço do que representou para a desassistida população de uma rica região de gente empobrecida.

No primeiro momento, a monocultura de eucalipto até teve a sua importância, porque havia a necessidade do emprego de mão de obra disponível no Vale, mas, atualmente, passadas mais de quatro décadas, o “mar verde” só não prejudica o bolso dos proprietários.

Gera poucos empregos porque o maquinário disponível no mercado tanto facilita o plantio quanto a colheita. Um homem no comando de uma máquina colhe o eucalipto, quando é chegado o tempo e a máquina deixa tudo empilhado.

Com o advento das máquinas, mais de 90% dos trabalhadores braçais ficaram desempregados, em petição de socorro.

Quem se ocupa com as questões relacionadas com o desenvolvimento das pessoas e do Vale do Jequitinhonha percebe o paradoxo que é a região. Rica em minérios diversos, o destaque agora é o lítio – detém 80% das reservas nacionais -, culturalmente rica em artesanato e na música, mas de população carente. A exploração do mineral poderá ser a redenção do seu povo.

Esse povo deve estar consciente da necessidade, não de impedir que o lítio seja explorado, afinal, é o mineral do momento porque matéria-prima das baterias dos carros elétricos, mas que as compensações sejam justas o bastante para melhorar a qualidade de vida do Vale, principalmente de Itinga e Araçuaí.

A hospitalidade das gentes do Vale é um encanto, mas na balança comercial de Minas Gerais continua sendo só uma estatística para a grande maioria dos políticos.

A região só é valorizada em época de eleições estaduais.

Nessa massa de políticos, o govenador Romeu Zema está incluído, porque na campanha para governador, ele prometeu “mudar a realidade do Vale”, por meio de uma política socioeconômica capaz de gerar emprego e fixar os cidadãos em suas cidades.

Quatro anos depois a situação social do Vale só piorou. Não obstante, o governador Zema, ciente do potencial do Médio Jequitinhonha na produção de lítio, apoia a instalação estrangeira de indústrias para extração da matéria prima, quando podia estimular, localmente, a fabricação das baterias.

 Em geral, os políticos mineiros não se incomodam em ser votados numa região, por anos a fio, com mais de 1 milhão de habitantes e cerca de 700 mil eleitores.

Na balança comercial de Minas Gerais, o Vale aparece com só 1,4% de seu PIB, conforme dados mais recentes do IBGE, de 2014.

O Vale é berço de personalidades importantes da vida mineira e nacional. Agora é o momento de união em torno da exploração do lítio de Itinga e Araçuaí, em defesa do seu torrão. A Sigma deve compensar as populações além dos royalties, senão elas correm o risco de virar bucha de laranja chupada e sem água, porque o Rio Araçuaí está minguado.

*Jornalista.

Imagem da Galeria Nem precisava de legenda para dizer que o Rio Araçuaí e muitos outros pedem socorro
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