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Governador, prefeitos, vereadores e ambientalistas precisam conhecer o “lítio verde” da Sigma

Governador, prefeitos, vereadores e ambientalistas precisam conhecer o “lítio verde” da Sigma

A empresa canadense precisa ser cobrada para mostrar como é feita essa exploração, senão vai ser acusada de usar discurso semelhante ao do “reflorestamento”, monocultura de eucalipto.

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Direto da Redação

16-12-2022

08h:00

Alberto Sena*

O jornal digital diariodeminas.com.br está, como se diz, bombando no Instagram, onde se instalou também faz poucos dias. Só de terça para quarta-feira, 14, recebeu mais de 1000 seguidores, despertados pela matéria intitulada: “Sigma Lithium tem o dever de publicar as compensações pela exploração de lítio do Jequitinhonha”.

Certamente, essas pessoas têm alguma relação com o Vale do Jequitinhonha, conhecem bem a saga daquela região, onde a população, de maneira quase geral, sempre foi enganada, desde o Brasil colônia, a partir do garimpo de ouro e de diamante.

Ao longo da existência, recebeu epítetos vários, inclusive o de “Vale da Fome”, porque foi e ainda é usado politicamente, por gente inescrupulosa, enganado com promessas que nunca se cumpriram. E como a região entra ano sai ano vive dos problemas relativos às intempéries, sempre foi relegada ou esquecida pelos governos.

E porque foi esquecida, os latifundiários forasteiros acharam ser a região ideal para acabar de acabar com a saúde da terra, hoje tomada por maciços enorme de monocultura de eucalipto. Isoladamente, essa árvore, originária da Austrália, onde existem mais de 700 tipos da espécie, deu-se muito bem no Brasil.

Cresceu bonito e o tronco engrossou, uma beleza! Mas quando plantado da forma como é, é uma monocultura arrasadora da terra.

Sabe-se que há várias maneiras de amenizar esses efeitos negativos dos maciços de eucalipto fazendo-o consorciado com outras culturas. Mas na região que foi transformada em um mar verde, os empresários talvez não tenham se interessado.

Para introduzir os eucaliptos, que hoje cumprem a função de salvaguarda do que nos restam de matas no Sertão chamado Cerrado, a política foi a conversa de “fazer reflorestamento”, um modo de enganar a população.

Reflorestamento se faz com as espécies heterogêneas dali arrancadas, para trazer de volta a fauna e a flora que desapareceram. E trazer de volta também o clima temperado, que caracterizava o ambiente de região como Grão Mogol, hoje em dia quase igual ao de Montes Claros.

Agora, o discurso é em nome do “lítio verde”, que a Sigma Lithium, canadense, quer incutir nas cabeças dos que ficaram em Itinga e Araçuaí. Um discurso que mais combina com o anterior, o de “reflorestamento”, esse “mar verde”, que causa revolta em qualquer ambientalista ou não, porque é agressivo.

Mas a empresa não deve só falar e achar que as pessoas estão a acreditar no seu discurso. Precisa provar às populações de Itinga e Araçuaí como é feita essa exploração de “lítio verde”, mostrar com filmes, fotos e informações claras, sem subterfúgio, às equipes de reportagens, “in loco”. 

Mais ainda: precisa divulgar com a maior clareza quais serão as compensações às mesmas populações, além dos royalties. A região é rica de subsolo, mas de muita gente carente e a Sigma tem por dever desenvolver um projeto no sentido de atacar as carências das populações. Manter uma boa interlocução com a população.

Se o governo do Estado não se mover; se os prefeitos e vereadores das duas cidades não se moverem; se os ambientalistas mineiros não se moverem; se todos aceitarem de bom grado o discurso da Sigma de “lítio verde”, sem destrinchar o que é isso, ao vivo e em cores, podem todos se considerarem de volta ao tempo da colonização portuguesa, com certeza.

*Editor Geral.

Imagem da Galeria A Sigma precisa manter diálogo direto com as comunidades onde ela atua
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