15-12-2022

07h:22

Elisane Amaral*

Não sei quanto a vocês, mas nutro o maior respeito pela “coisa”, o vocábulo.

Ao pé da letra, “coisa” é substantivo feminino e tudo o que existe ou possa existir, de natureza corpórea ou incorpórea. Notam aí a vastidão que a “coisa” representa?

Claro que a “coisa” não é feito o trem, pra nós, mineiros. Mas, vamos respeitar: a coisa cabe em qualquer lugar.

Os esquecidos nominam tudo que porventura não lembrem, de coisa. Coisa para evocar evento, intensidade, ser indefinido: “Preciso te contar uma coisa”!

“Menina de Deus! Aconteceu uma

coisa ontem...”

“Jesus Amado! Mas, que coisa, hein”?

E tome coisa!

Não posso esquecer de mencionar os que chamam gente de coisa:

“E aí, Coisinha”?

- “Ô, Coisado! Cê tá bom”?

A coisa é tão séria, que até música tem, como na sacada sambista da eterna Beth Carvalho. “Ô, Coisinha tão bonitinha do pai! Ô, coisinha tão bonitinha do pai”! Mais moderno, temos o Tiago lork, (que usa aquela coisa no cabelo) cantando um viciante “Coisa lindaaaa! Vou pra onde você está”! Enfim, a coisa é uma espécie de coringa no universo linguístico, ou o famoso “pretinho básico” no guarda-roupas vocabular.

E quando a coisa estiver feia? Fuja, portanto.

A coisa pode ser monstro, bicho

“inidentificado”, ou a esposa do Coiso. Mas, aí serei eu que já não falarei coisa com coisa.

Portanto, “deixemos de coisas, cuidemos da vida. Senão chega à morte, ou coisa parecida!” E tome “coisa” do Belchior.

* Graduanda em poeta/cronista, reikiana, louca por livro, andu, pinha e gabiroba. Sonhadora contumaz! Estuda Psicologia Clínica em UNIFIPMoc. Mora em Montes Claros, de Itacambira (MG).