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Os ares de Belo Horizonte e de Montes Claros cheiram a pequi; a safra começou

Os ares de Belo Horizonte e de Montes Claros cheiram a pequi; a safra começou

No Sertão do Norte de Minas, raro é encontrar uma casa onde a família não esteja cozinhando uma panela de pequis. A importância socioambiental, política e cultural do pequi é grande.

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12-12-2022

11h:34

Anes Otrebla*

Nesta época do ano, com a graça de muita chuva – há uma verdade sertaneja que diz, “são seis anos de seca e seis anos de chuva” e já estamos no quarto águas – os melhores lugares a serem visitados são os Mercado Central de Belo Horizonte e o Mercado Municipal de Montes Claros.

Quer saber por quê? Porque o de Montes Claros cheira a pequi, a umbu, a manga, a mangaba e outras frutas características da região, e o mercado desta capital aniversariante (125 anos em 2022), para não variar, também cheira a pequi.

Em BH, no Mercado Central, uma bandeja de pequi foi comprada a R$ 10. Na banca do comerciante Cleverson, um camarada boa praça, que vende frutos do Sertão Norte-Mineiro, a bandeja de pequis era mais bem servida, e a consumidora Sílvia Batista comprou logo cinco bandejas.

Ela conta que na casa dela todos gostam de roer pequi. “Todos não – corrigiu – “só uma filha, enteada minha, não gosta, inclusive o pai dela brinca que um dia vai encontrá-la roendo pequi escondido atrás da porta”.

Segundo ela, não tem o menor mistério cozinhar pequi, que pode ser mais bem consumido no arroz, “uma delícia”, disse. Mas fez uma importante observação: “Não se pode enfiar os dentes no pequi, sem encher a boca de espinhos; pequi a gente rói, pega com a mão e pode ir até certa altura, a percepção é de cada um”.

Como emendou Sílvia, “quando cozinho pequi lá em casa, o prédio todo fica cheirando; lá em casa o pequi é consumido em quantidade, porque tem a vantagem de ser um alimento completo”.

A safra de pequi está só começando. Os pequis vendidos por Cleverson, diferentemente de outros encontrados noutras bancas, vieram de Lontra, no Norte de Minas, cidade próxima de Montes Claros, onde esse produto é naturalmente colhido no Cerrado e dos melhores.

Próxima também de Montes Claros, a cidade de Japonvá, é onde se concentra a maior produção de pequi e envolve toda a cidade. Lá se pode encontrar os frutos mais “carnudos”, como se diz e todos os seus derivados.

Há quem goste de fazer turismo em mercados, não só pelo prazer de comprar o que mais interessar, mas também pelo visual colorido dos frutos, legumes e verduras. Os comerciantes sabem bem arrumar os produtos nas bancas e quem não se controla acaba comprando mais do que o devido provocado pelas cores captadas pelas meninas dos olhos.

O pequi é chamado de Sua Excelência, porque vem como dádiva divina ofertada por meio da Mãe Natureza, que por motivos vários recomenda o reflorestamento de pequizeiros para assegurar a perpetuação dos seus ricos frutos, que alimentam as famílias espalhadas pelo Sertão Norte Mineiro, que têm a oportunidade de se alimentarem melhor nesta época.

*Jornalista

Imagem da Galeria O pequi é o elimento mais rico em vitamina "A" e do complezo "B"; no arroz é uma delícia
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