Português (Brasil)

Sigma Lithium tem o dever de publicar as compensações pela exploração de lítio do Jequitinhonha

Sigma Lithium tem o dever de publicar as compensações pela exploração de lítio do Jequitinhonha

Além dos royalties que obrigatoriamente terá de pagar, a empresa precisa dizer, com clareza, o que as populações de Itinga e Araçuaí irão se beneficiar com essa exploração do rico mineral.

Compartilhe este conteúdo:

Direto da Redação

11-12-2022

06h:13

Alberto Sena*

Com uma matéria na revista Exame, presumivelmente paga, a Sigma Lithium Mineração, em fase de instalação no Vale do Jequitinhonha (MG), nos municípios de Itinga e Araçuaí, mostra-se de corpo quase inteiro. Mas se limitou a uma abordagem e foco econômicos, perdeu uma boa oportunidade de revelar ao público como a exploração dela, do rico mineral, está contribuindo ou não com a questão social e ambiental nos municípios onde retira lítio de alta qualidade.

Os mais céticos quanto as intenções da mineradora percebem que ela vem com a conversa de “lítio ESG” que é uma sigla nova e o mundo começa a lidar com ela. O que significa? É em inglês, mas significa: E – Ambiente, ambiental; S – Social; e G – governança. Esse é um discurso novo, “lítio verde”, mas semelhante ao que aconteceu, no caso dos maciços de eucaliptos que tomam conta da região, antes chamados de “reflorestamento”, quando na verdade são cultura homogênea de eucalipto, e causam o maior estrago ao meio ambiente – porque maciços – seca o solo, afugenta a fauna e a flora. Cada exemplar de eucalipto consome 30 litros de água/dia.

“Lítio verde” tem a ver com a pressão que vem de fora, tendo em vista o aquecimento global. Os produtos originários de países que não entrarem nessa linha, não serão aceitos lá fora, caso da madeira da Amazônia. E a Sigma já vem se adiantando como empresa que faz “mineração sustentável”, e podia detalhar como é feito isso, por meio de uma reportagem local, para mostrar tudo.

É compreensível que o lítio seja explorado, mas concomitantemente é necessário assumir e revelar às populações de Itinga e de Araçuaí, o que a empresa, que irá retirar dali do chão do Vale do Jequitinhonha bilhões de dólares – e considerando que “minério não dá duas safras” – de bom alvitre seria ela informar os detalhes de como pretende compensá-las por estar se enriquecendo com o mineral de qualidade retirado do solo pisado por um povo que carece de atenção dos governos.

Esta é a melhor oportunidade para redimir a região, e é assim que o governador de Minas, Romeu Zema, os prefeitos e os vereadores das câmaras municipais dos dois municípios devem pensar e agir. Antes que tarde.

Se o lítio não for usado também para redimir as gentes da região, a situação continuará a mesma, ou seja, uma população carente sobre um solo rico, explorado só por ricos economicamente, em detrimento da população.

A região carece de uma reflexão mais profunda sobre a questão, antes que seja tarde e acabe por ter só o que reclamar depois dos prejuízos. É fundamental abordar esses assuntos e questionar a Sigma para que mostre, com clareza, quais compensações as populações de Itinga e Araçuaí terão.

Sabe-se que, para beneficiar uma tonelada de lítio é necessário o consumo de 40 mil litros de água, sendo que o principal problema da região é hídrico; isso parece um contrassenso. O desemprego, que leva milhares de pais de família para o corte de cana do interior de São Paulo, Paraná e outros estados, também, é o segundo problema.

Portanto, o momento é de questionar a empresa quanto as compensações sociais, ambientais e econômicas as fábricas de produtos à base de matéria-prima do lítio, a geração de empregos e como será resolvida a questão ambiental provocada pelo “lítio verde”.

A partir dessas questões de importâncias elevadas, a empresa poderá ter uma exploração em harmonia com as populações de Itinga e Araçuaí, que, desde já, devem ir se mobilizando neste sentido, para não ter o que reclamar, como se diz, depois da casa arrombada.

Com a palavra, os deputados federais Rodrigo de Castro, Reginaldo Lopes, Pe. João, Fábio Ramalho e Igor Timóteo, MDB; prefeitos, vereadores, ambientalistas e a quem mais interessar a redenção dos habitantes e do Vale do Jequitinhonha.

*Editor Geral.

Compartilhe este conteúdo:

 

Synergyco

 

RBN