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BH faz aniversário de nascimento hoje, 12, completa 125 anos, mas precisa ir já ao geriatra

BH faz aniversário de nascimento hoje, 12, completa 125 anos, mas precisa ir já ao geriatra

O dia de amanhã é uma segunda-feira comum, não haverá festa, nem bolo de aniversário, talvez porque o clima político e esportivo não incentive as comemorações.

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Direto da Redação

11-12-2022

06h:07

Alberto Sena*

Belo Horizonte faz 125 anos. Palmas para a cidade! Se fosse gente humana, a nossa urbe estaria velhinha, muito além da expectativa de vida de brasileiros e estrangeiros.

A capital é, diga-se de passagem, uma adolescente e ainda tem muito que aprender, ensinar e a clamar por uma requalificação, porque não está bem cuidada como devia estar, e oficialmente, o dia não é nem comemorado como se comemora o dia do aniversário de quem a gente ama.

Nesta temporada de chuva – ontem à noite, 10, mais uma chuva pesada causou estragos na cidade –  a exemplo das ocorrências anotadas todos os anos, os estragos são praticamente os mesmos. Se buscar nos arquivos fotos antigas parecem atuais. E, no entanto, a cidade continua a mesma, sem condições de enfrentar e sair ilesa de uma temporada de chuva.

Apesar de tudo, na capital mineira ainda se pode encontrar resquícios da urbe de antes, mas para isso é necessário sair pelas ruas e andar, coisa que as pessoas parecem ter desaprendido com o passar dos carros.

Venha, você, eu a convido; venha comigo, vamos dar uma espiadela na Belo Horizonte nascente, ali pelo ano de 1894. O roteiro é o livro “Uma tristeza Mineira Numa Capa de Garoa”, que tenho em mãos, como pode verificar. Vamos caminhar entre o começo, até 1898; o projeto da capital foi inspirado nas famosas metrópoles Paris e Washington.

Repare você no traçado da nova cidade, avenida em diagonal e quarteirões regulares; quem não anda pelas ruas da cidade nem percebe isso. Para sua informação, a pretensão ao fazer isso, era unir a área urbana à natureza, segundo a cachimônia de Aarão Reis.

Como bem garimparam os autores do mencionado livro, o nascimento da nova capital tinha ligação com uma tentativa de afastar o passado colonial, representado por Ouro Preto, a antiga capital, para fazer nascer, na modernidade urbanística e cultural, Belo Horizonte.

Todavia, a nova capital não significava uma cisão entre o velho e o novo. Belo Horizonte surgia o ideal da modernidade, o olhar para o futuro, enquanto Ouro Preto simbolizava “o orgulho da pátria mineira, em sua origem”.

Em 1895, a planta da cidade foi aprovada, você que está a andar comigo pelas ruas do passado de uma urbe nascente, haverá de perceber “o duplo gradeamento perpendicular, formando ângulo retos, de 90° e ortogonal, este compreendendo vetores ou coordenadas geométricas”, como bem disse no seu relatório, Aarão Reis, que, como engenheiro das obras da nova cidade.

E assim ele descreveu as ruas da capital: “Às ruas fiz dar a largura de 20 metros, necessário para conveniente arborização, a livre circulação dos veículos, o tráfego dos carris e trabalhos da colocação e reparações das canalizações subterrâneas. Às avenidas fixei a largura de 35 metros, suficiente para dar-lhes a beleza e o conforto que deverão, de futuro, proporcionar à população. Apenas a uma das avenidas – que corta a zona urbana de norte a sul e é destinada à ligação dos bairros opostos – dei a largura de 50 metros, para constituí-la em Centro da cidade e, assim, forçar a população quanto possível, a ir-se desenvolvendo do centro para a periferia, como convêm à economia municipal, à manutenção da higiene sanitária, e ao prosseguimento regular dos trabalhos técnicos”.

Você deve ter percebido, então, que a capital nova foi idealizada, da cabeça para o papel vegetal onde um homem – o busto dele é encontrado no Parque Municipal – traçou “uma malha perpendicular de ruas cortadas por uma avenida diagonal, quarteirão de tamanhos regulares e uma avenida demarcando toda a sua dimensão, a Avenida do Contorno”.

Espero que você, a essa altura da nossa caminhada pela capital do passado, não esteja cansada, porque juntos nós podemos fazer uma comparação de como era antes e como a cidade está hoje, com população de quase 2,6 milhões de pessoas, um trânsito infernal de carros, uma cidade poluída por monóxido de carbono e gases que tornam a atmosfera envenenada, pelo que diz a Organização Mundial de Saúde, a respeito do ar das grandes cidades do mundo – BH não está fora disso.

Mas eu não posso revelar a você o quanto amo esta cidade que me acolheu com a maior tranquilidade, ao raiar da década de 1970, sem indagações, quando vim de Montes Claros para cá.

Você, minha amiga haverá de convir comigo que a capital perdeu aquele clima romântico, poético, que gerou muita gente de valor. Os tempos se vão mudando ou será que é o belo-horizontino quem está mudado com os anos?

De qualquer modo, o momento é de confraternização, e é nisso que devemos no concentrar. Entretanto, cara amiga, antes de lhe agradecer pelo prazer da companhia, façamos um brinde à capital dos mineiros, essa adolescente que ainda conserva os seus dons, mas precisa se cuidar e ser cuidada, para assim ter uma vida adulta profícua.

Tim-tim!

*Editor Geral

Imagem da Galeria A capital mineira precisa urgentemente se preparar para enfrentar as chuvas criadeiras
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