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Festas “Joaninas”, em Açores, remetem quem não as conhece aos festejos juninos de Minas

Festas “Joaninas”, em Açores, remetem quem não as conhece aos festejos juninos de Minas

A autora do texto abaixo teve grande surpresa ao constatar que a festa é do agrado de centenas de turistas belgas e franceses, principalmente; festa de gala.

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30-11-2022

08h:15

Martha Verônica Vasconcelos Leite*

O arquipélago dos Açores, conhecido como “A Pérola do Atlântico”, sempre foi motivo do meu interesse, já que fazia parte dos lugares a conhecer na lista de minha mãe, cresci e herdei seus sonhos de viagem.

Em 2019, atendendo ao gentil convite da jornalista e amiga Claudine Lourenço, fui finalmente conhecer o arquipélago. Voei para Lisboa e de lá para Ilha Terceira, a mais festeira entre as nove que compõem o arquipélago.

Em 21 de junho de 2019, tiveram início às famosas Festas Joaninas. Seriam como as nossas festas juninas, com muita comida, danças e confraternização? Para minha surpresa, as Joaninas, que atraem centenas de turistas, principalmente belgas e franceses, é uma festa de gala. Interessante registrar o envolvimento da população, de crianças a idosos, todos demonstrando grande orgulho por suas tradições.

A ilha se transforma numa gigantesca festa popular, embora mantenha o cunho religioso, os frutos da colheita são a principal atração e remonta a era pré-cristã, já que a ilha é

habitada há quase seis séculos.

O evento de abertura da festa é um desfile de gala, com um hino composto para o ano, a fala das autoridades, do festeiro e se inicia a queima de fogos. O rico desfile segue pela Rua da Sé, apinhada de gente local e turistas. A comissão de frente é formada por representação da corte portuguesa montados em seus elegantes cavalos árabes e vestidos em estilo barroco, com suas perucas.

A corte segue, logo atrás vem uma cena teatral, em pequenas enquetes. Percebe-se que há um conflito, famintos os

pobres criticam o rei. No intervalo passam bandas de música, encenações de bailes, depois carros alegóricos relembram as conquistas marítimas portuguesas. Uma grande nau iluminada, atravessa o desfile levando a rainha e princesas.

Detalhe, a rainha é escolhida entre universitárias da Ilha, nesse ano a escolhida foi uma estudante de Nutrição, que trabalha e estuda, enfatizando as mulheres açorianas de hoje. Depois do desfile muita confraternização com comidas típicas e vinho verde, em um largo próximo do porto.

No dia 22 de junho de 2020, a cidade de Angra do Heroísmo, capital da Ilha Terceira, que tão bem recebe os turistas, nos reservava mais surpresas. Fomos a Rádio Clube de Angra, onde participei do programa Planeta Mulher, falamos de literatura brasileira e portuguesa para o mundo, via internet.

À noite, o desfile etnográfico nos mostrou a cultura de todas as ilhas açorianas – músicas, jogos, brincadeiras e produtos cultivados – interessante conhecer esse lado, digamos, mais tradicional do arquipélago português.

No dia seguinte, a música encheu a cidade de Angra, orquestras sinfônicas e bandas passavam por ruas e praças numa alegria sem fim, seguidos pela população e pelos turistas, fechando a grande festa.

Concluindo, participando de uma festa apenas, foi possível entender a força da cultura local. Inesquecível tudo que vi, aprendi, e me deliciei nas Festas Joaninas dos Açores.

 

*Jornalista, escritora, mestre em Educação e integrante da Academia Feminina de Letras de Montes Claros.

Imagem da Galeria Marta Verônica possui vários livros publicados; ela integra a Academia Montes=Clarense de Letras
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