Mandioca é uma velha nova cultura para as regiões do semiárido mineiro
Trata-se de opção resistente às estiagens e barata, sem contar que comporta bem em terras ácidas e de fertilidade baixa, podendo tanto ser usada na alimentação humana como animal.
Direto da Redação
18-11-2022
08h:08
Os agricultores de regiões que têm problemas de seca contam agora com uma velha nova alternativa de espécie vegetal resistente: a mandioca. Além de ser largamente utilizada na alimentação humana, a mandioca vai bem para o trato animal.
Frederico Botelho, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, recomenda o plantio de mandioca com um meio de convivência com a seca e percebe que os agricultores têm aceitado bem, porque tolera, inclusive, a estiagem prolongada e muito eficiente no tocante ao aproveitamento de água.
A questão é que a mandioca produz bem mesmo em solo ácido e terra de fertilidade baixa, não precisando usar tanto fertilizante que pode encarecer o custo de produção. O risco de perda de safra é pequeno devido a essas características da mandioca.
Frederico é o coordenador regional de Culturas da Emater de São Francisco, no Norte de Minas, e exalta, ainda, que a mandioca no semiárido proporciona mais qualidade para a alimentação animal a custo baixo. Ele explica que muitos agricultores plantavam mandioca para fabricar farinha e polvilho, desperdiçando a parte aérea da planta, que pode virar feno e silagem para melhorar a nutrição animal.
Antônio Faria Salgado Júnior, coordenador de Regional de Pecuária da Emater-MG, dá a sua contribuição a esse processo dizendo que, além da mandioca, convém ao produtor ter capiaçu, cultivar de capim-elefante de alto rendimento para produção de silagem.
Ele explica que a mandioca possui muita proteína, entretanto, dá pouca quantidade de alimento. Para melhorar isso, a solução é plantar o capiaçu, que não possui muita proteína, para avolumar. Basta fazer da seguinte forma, misturar um balaio de rama de mandioca e dois de silagem de capiaçu e assim aumentar a oferta maior de ração.
Ele sugere também acumular água de chuva e fazer uma pequena área de mandioca irrigada por gotejamento razão dos períodos de estiagem frequentes na região, Antônio recomenda ainda que o produtor procure fazer uma pequena área de mandioca irrigada por gotejamento, com aproveitamento da água acumulada.
A Emater-MG iniciou em Brasília de Minas, no ano de 2015, um projeto com agricultores de subsistência visando a aproveitar a mandioca integralmente. Isso gerou economia na atividade pecuária e aumentou a qualidade da alimentação animal, e quase todos os produtores da região aderiram ao projeto.
Emater-MG encaminhou, no primeiro ano, uma amostra para análise bromatológica da silagem produzida, e o resultado mostrou percentual de 12,6% de proteína bruta. Índices elevados
Em comparação com o sorgo e o milho, com que variam entre 8% e 10% da proteína, os índices foram considerados elevados.
Isso significa que folha de mandioca é alimento ótimo para o rebanho. Entretanto, o produtor deve cuidar de secar as folhas para evitar a intoxicação dos animais pelo ácido cianídrico. Que faz o alerta é Sérgio Brás Regina
Mais ainda, ele alerta quanto ao material de propagação da mandioca, as mudas devem vir de mandiocais sadios, sem pragas, principalmente a broca e o mandruvá, além de doenças, bacteriose, problemas sérios na cultura da mandioca.