Português (Brasil)

É com sentimento verdadeiro que inicio uma grande amizade com uma pomba verdadeira

É com sentimento verdadeiro que inicio uma grande amizade com uma pomba verdadeira

Todo dia ela vem ao prédio onde moro; pousa no muro e desce em seguida, na nossa área, em busca de algo para comer. Hoje a fotografei para mostrar que nossa amizade é realmente verdadeira.

Compartilhe este conteúdo:

Direto da Redação

12-11-2022

09h:35

Alberto Sena*

Em pouco tempo para cá, todo dia, quando deixo o apartamento onde moro e chego ao hall do prédio, me deparo com uma pomba verdadeira em cima do muro. Com ela estou a iniciar um relacionamento de amizade, que, de certo modo me comove, porque o meu sentimento é verdadeiro.

Por enquanto, a nossa relação tem sido mais pela via telepática do que de outro modo. Paro a uma boa distância dela, para não a assustar e ela em cima do muro fica me olhando. Antes a pomba parecia incomodada, mas com o passar dos dias, parece que ela vai se acostumando com a minha imagem e daqui a pouco terei muito que contar sobre a ela.

Só encontro duas maneiras de explicar a presença dela aqui no prédio. Pode ser porque logo do lado temos o Parque Santo Antônio, criado quando o meu amigo Peclott – Paulo Emílio Coelho Lott – era secretário Municipal de Meio Ambiente, com árvores frondosas e antigas, além de 12 ipês amarelos. Quando chega agosto/setembro, os ipês floridos, é um espetáculo e daqui da minha janela aberta para o mundo, não me canso de contemplar essa beleza, cheio de gratidão.

A outra maneira de explicar a presença dela, já que o seu habitat não é urbano, é o que mãos anônimas fazem nas matas ao redor da cidade, destruindo tudo a conta-gotas, e os pássaros como a pomba verdadeira vêm buscar comida aqui e noutras paragens da nossa urbe.

Amanhã, domingo, 13 de novembro, vou preparar uma surpresa para a pomba, e o que farei certamente irá atrair pássaros de modo geral. Mais cedo do que o costume, irei ao hall do prédio para aspergir sobre o muro um caminho de canjiquinha. Quando a pomba chegar, terá a maior surpresa, assim espero.

Não sei o que achou de interessante, aqui, para todo santo dia ela aparecer. Hoje resolvi fotografá-la. Até filmei, mas a filmagem não ficou boa e não vou exibi-la, mas o prezado leitor terá o prazer de conhecer a minha pomba verdadeira por meio de foto.

A expectativa é a de que a minha estratégia de me aproximar mais dela dará certo porque os bichos de modo geral – os humanos, inclusive – gostam de ficar próximos do de comer, inda mais quando surge assim, de surpresa e em quantidade.

Como sei que ela não dará conta de comer tudo que vou deixar lá, certamente, a pomba irá chamar outras e nessa azáfama geral, a notícia correrá aos quadrantes do parque, e espero que sobre o muro surjam de um dia para o outro um bando de passarinhos multicoloridos.

Quando vivi em Grão Mogol, cidade que fica no limiar do Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha, alimentei uma quantidade enorme de passarinhos e beija-flores. Para estes, punha potinhos com água açucarada (açúcar cristal) e para os demais, mamão, laranja, banana e outras frutas, diariamente.

Fiz um convênio com um sacolão da cidade e as proprietárias se comprometeram a guardar para mim as frutas descartadas, e assim nem precisava gastar dinheiro com os passarinhos, e eu, mais do que eles, vivia belos e inesquecíveis momentos, o dia inteiro.

Quanto à pomba verdadeira, espero amanhã voltar para contar como tudo se deu. Daqui da minha janela, no quarto andar do prédio, irei acompanhar tudo e poderei fotografar e filmar à vontade sem afugentá-la. Melhor se estiver acompanhada de outros pássaros.

Fiquem aí, na escuta, que vou contar tim-tim por tim-tim, porque descobri, tenho alma de passarinho.

*Jornalista e escritor

Imagem da Galeria A pomba verdadeira deixa o seu habitat para buscar comida na zona urbana
Compartilhe este conteúdo:

 

Synergyco

 

RBN