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Pirapora reza para o Rio São Francisco não sofrer enchente, senão carregará o vapor Benjamin Guimaraes

Pirapora reza para o Rio São Francisco não sofrer enchente, senão carregará o vapor Benjamin Guimaraes

Todos estão preocupados com a integridade da embarcação atracada sobre “fogueiras” à espera da continuidade da reforma, que foi paralisada por questão de desentendimento entre instituições responsáveis pelo que é o maior patrimônio de Pirapora

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Direto da Redação

18-10-2022

6h:32

Alberto Sena

Os piraporenses, do prefeito municipal, Alexandro Costa César e do ferrenho ambientalista Aparício Mansur mais a população de 56.428 habitantes, todos enfim, estão rezando para que o Rio São Francisco não tenha enchentes, porque se acontecer uma, o histórico vapor Benjamim Guimarães, encostado a margem sobre “toqueiras”, que são tocos para deixá-lo suspenso, poderá ficar seriamente comprometido.

Por quê? Simplesmente porque ele poderá flutuar e casco sofrerá danos irreparáveis, e uma população inteira, do tamanho de Pirapora, ficará revoltada com o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico – IEPHA – de Minas Gerais e com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) que se desentenderam e a reforma do vapor foi suspensa.

O prefeito Alexandro Costa César disse que não está atrás de culpados, mas de quem poderá dar uma solução definitiva para o vapor que é considerado uma das coisas mais preciosas para os piraporenses e quem conhece essa pérola do Rio São Francisco, que veio dos Estados Unidos em 1920 e ao longo das décadas construiu toda uma história que não pode ser levada por uma enchente.

O ambientalista Aparício já fez de tudo que pode e promete continuar fazendo para impedir que o vapor seja comprometido por descaso de instituições que existem para cuidar do patrimônio público, e neste caso, contribuem com o contrário.

Ao final, segundo o ambientalista, parece que as duas instituições entraram em um acordo e pediram 40 dias para dar uma solução. Já se passaram 20 dias e a cada instante aumenta a expectativa dos piraporenses quanto a integridade do vapor porque chove nas cabeceiras dos rios e é bem provável que o Rio São Francisco receba mais água e tudo poderá acabar em enchente.

O vapor foi construído em 1913, nos Estados Unidos, no estaleiro James Rees & Com. Pronto, veio pelo Rio Mississipi, adentrando rios da Bacia Amazônica. Olhe que isso aconteceu na segunda metade da década de 1920, adquirido pela firma denominada Júlio Guimarães, que montou a embarcação no porto de Pirapora, com o nome de “Benjamim Guimarães”, para homenagear o patriarca da família proprietária da firma.

A partir de então, 102 anos atrás o vapor descia e subia o Rio São Francisco e alguns dos seus afluentes. Estamos tratando do último exemplar de vapor movido a lenha no mundo. E isso não é pouca coisa, daí a gente entender o sufoco que o ambientalista e o prefeito da cidade estão passando solidários à população que não quer ficar sem o seu maior patrimônio.

Tecnicamente falando, o vapor é uma embarcação fluvial de popa quadrada, alimentada por máquina a vapor de 60 cv de potência tocada a lenha.

Tem capacidade para estocar 28 toneladas de combustível, com propulsão a base de roda de pás na popa. A velocidade máxima é de 6,5 nós, com peso descarregado de 243 toneladas e 43,86 metros de comprimento e 7,96 metros de altura.

O vapor tem três pisos, sendo que no primeiro estão a casa de máquinas, caldeiras, banheiros e uma área para abrigar passageiros. Os camarotes, em número de 12, ficam no segundo piso. E no terceiro piso, um bar e área coberta.

A capacidade dele é para 140 pessoas, entre tripulantes e passageiros. Consome um metro cúbico de lenha por hora. De acordo com as normas de segurança da Marinha, nas atuais condições em que se encontra, o vapor está autorizado a navegar na chamada área um: rio, lago e correnteza que não tenham ondas ou ventos fortes.

O vapor tem histórias mil, inclusive uma com o envolvimento do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido por Lampião, que teria tentado assaltar a embarcação, mas não conseguiu porque naquela época o Rio São Francisco era muito mais largo do que é hoje.

O vapor poderá, inclusive, contar a minha história. Na década de 1960, passei uma noite nele, atracado, servindo de hotel para a equipe do Cassimiro de Abreu, que foi a Pirapora enfrentar um time local. Como repórter do O Jornal de Montes Claros, na cobertura de Esportes, acompanhei o time de João Melo para fazer a cobertura do jogo.

Imagem da Galeria O vapor Benjamim Guimarães corre o risco de ser destruído se houver uma enchente
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