
Falta amor no coração das pessoas, que, no dia a dia se mostram distantes de Deus. CRÉDITOS: Divulgação
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17-03-2025 às 09h49
Rosilda S. Barbosa*
“Vou contar tudo para Deus”, disse um menino sírio pouco antes de morrer, vítima de um bombardeio.
Isto se deu em junho de 2014. Na Síria, evidentemente.
Estou pensando fazer o mesmo que esse menino, não identificado à época, já deve ter feito, se eu tiver a felicidade de me encontrar com Deus depois de terminar este Caminho de Santiago de Compostela da minha vida.
Depois do que o garoto deve ter contado a Deus, eu vou só reforçar, porque ele, na sua pureza de uma criança de três anos de idade, deve ter ido ao âmago da questão humana e desumana.
Vou dizer para Ele tudo de bom e de ruim que vi neste mundo.
Quem já leu Ulisses, de Homero, escrito há mais de cinco mil anos ou Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas, publicado na França, em 1844, pode bem fazer uma comparação do ‘status quo’, atual e o ‘modus vivendi’ de então.
Só mudaram as vestimentas e as armas. A crueldade é a mesma. As pessoas não andam armadas de bestas, espadas ou lanças. Nem exibem revólveres em coldres no cinturão, mas se armam por outros meios, principalmente os espíritos e tudo é emanado de acordo com a cartilha da religião criada pelo “deus dinheiro”.
O ter em vez de priorizar o ser.
Vou fazer uma reportagem completa para Deus sobre o que acontece aqui nesta Terra criada por Ele e que, ao criar, viu que tudo era bom.
Se ficou ruim, a culpa não é dele.
Como escrevinhador que sou, farei uma extensa reportagem. Ou, então, escreverei um livro contando Tim-Tim por Tim-Tim, tudo que os meus olhos viram e a alma sentiu ao longo de minha vida.
Acredito, Deus ficará horrorizado com tudo que vou contar a Ele.
Vou contar o quanto a Humanidade que Ele fez nascer neste planeta maravilhoso, pôde se corromper sob todos os aspectos.
Vou pedir o robozinho “Perseverance”, da Nasa, para sacar uma fotografia da alma da Terra, aproveitando a estada dele lá em Marte, a fim de mostrar a Deus a cor dela, escura de tanta maldade humana, de tanto sangue derramado desde sempre.
Vou pedir desculpas a Ele, mas vou comentar sobre tamanha benevolência Dele, paciência e tudo mais em relação a Humanidade, que, por infinitas vezes, deu demonstrações de que não merece viver neste planeta, e ainda assim, Deus não dá um jeito nesse quadro tenebroso.
Vou dizer, olha, Deus, a matriz de todos os pecados daquela gente é o egoísmo, o Senhor sabe disso. Lá na Terra tem uma pá de gente achando que lá é o início e o fim da vida. São chamados de “negacionistas”.
Essa gente chegou ao descalabro de usar o seu Santo Nome em vão – eu vou dizer isso a Ele e alertar sobre a malvadeza dessa gente. Acho que têm parte com o capiroto, vou dizer isto também.
É gente cabeça dura. Materialista, acredita tanto em si mesma que se considera ‘deus’. Alimentam-se de ódio, rancor, mágoa, ganância, disputa, fraudes… – “a lista é grande, oh, Deus”, direi.
Podem até dizer que amam ao próximo, mas é só da boca. São falsos que dói!
Como a gente não sabe do dia de amanhã, estou prometendo dizer a Deus tudo isto quando chegar a minha hora, que pode ser qualquer hora, em tempo pandêmico ou mais adiante.
Vou falar com Deus o quanto de gente há sem coração na caixa torácica e sem massa cinzenta na caixa craniana.
Gente que pensa com o umbigo. Conquanto estiver bem, o sofrimento visto nos arredores, causados por eles mesmos, não importa.
Vou dizer a Deus que surgiu certa feita uma tal de internet e dentro dela um tal de Facebook que revelam diariamente o quão doente está expressiva parcela da comunidade internauta.
Se Ele me perguntar, eu vou dizer o quanto os valores verdadeiros que põem em pé o homem e a mulher, com dignidade, rolaram por terra como se uma nova ordem estivesse em vigor e com rigor demoníaco.
Confesso que tenho muito mais coisas a contar a Deus, se pela graça Dele, eu puder encontrá-lo em outro plano de vida.
Mas por enquanto, aqui está o suficiente para o momento, sobre o que rola na Terra, além do que o menino sírio já deve ter contado a Deus. A diferença é que a criança é pura e eu não, sou pecador e me confesso, mas prezo os valores verdadeiros.
Prezo a educação paterna e a educação formal, respeito os professores, pratico a civilidade no dia a dia concomitantemente ao amor e respeito aos humanos semelhantes a mim.
Erro algumas vezes, mas o meu crédito de acertos é maior. E digo isso sem um pingo de vaidade. Procuro fazer a minha parte, conscientemente.
Não sou agressivo, não sou prepotente nem arrogante. Não me interessa armar-me espiritual nem materialmente, porque desde cedo aprendi que “violência gera violência”. E quem se arma tem 100% de chance de matar ou morrer.
Eu acho preferível morrer a matar.
Procuro sempre ser solução e não problema.
Se tudo isso Deus considerar e por misericórdia Dele abrir uma vaguinha, por menor que seja, simplesinha, no Céu, vou contar tudo a ele.
Até lá, devo acrescentar algumas coisas mais.
Porque há muito mais, mas o espaço não é tão grande assim.
*Rosilda S. Barbosa é ambientalista