
Diversos logradouros sinalização de trânsito errada em Juiz de Fora - créditos: divulgação
08-03-2025 às 12h22
Wilson Cid, direto de Juiz de Fora para o Diário de Minas
O fato de a confecção de placas indicativas de nomes de logradouros públicos ser confiada apenas às empresas para isso contratadas, sem uma consulta mais criteriosa a setores ligados à história da cidade, tem gerado alguns equívocos e incorreções. É o que recomenda que em uma próxima substituição dessas peças sejam tomados cuidados para se eliminarem os erros, pelo menos os mais evidentes.
Há cerca de três anos, a propósito, o então vereador Flávio Cheker, a convite do Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora, promoveu a retomada de antiga discussão sobre a conveniência de futuros emplacamentos serem submetidos, a título de consulta, àquela entidade. Se não tanto, diga-se agora, que outros órgãos vinculados à cultura sejam ouvidos quanto às informações contidas nas placas, evitando-se a repetição de desnecessários equívocos.
Fato mais recente, nada além de um mês, veio fortalecer a preocupação aqui exposta. No Parque Halfeld (que, aliás, é jardim, pelo menos oficialmente), as placas estão informando que é o fundador da cidade, quando, na verdade, não se trata de Henrique Halfeld, mas seu filho Francisco, a quem se deveu a urbanização daquele espaço.
Não menos desafiador, embora persistindo há anos, é o caso da Rua Fonseca Hermes, em cujas placas se lê tratar-se do presidente da República no período 1910-1914. Elas confundem o presidente Hermes da Fonseca com o republicano e polêmico lutador pelo voto secreto vereador João Severiano da Fonseca Hermes, este o verdadeiro homenageado na antiga Rua do Sapo, depois Rua Conde D’EU.
Descuido também frequente se lê nos logradouros onde os homenageados são indicados nas placas com informações insuficientes, ainda que em muitos casos verdadeiras. Por exemplo, Mister Moore, que o Brasil inteiro conhece e celebra como Reitor do Granbery, é apresentado na sua rua como bacharel em Ciências Sociais.
As ruas e avenidas, é de regra, devem mostrar a função mais alta de quem pretendem perpetuar. Não se aceita, então, que Olegário Maciel seja mostrado apenas como Político, quando se sabe que foi Presidente de Minas em um dos momentos mais graves de nossa história. Da mesma forma, o Presidente Antônio Carlos não pode ser exposto só como Político em sua praça, pois foi muito mais. E João Beraldo, definido como Advogado e Político, embora tenha sido Interventor do Estado. Em outra galeria, o Tenente Belfort Arantes é Oficial da Reserva nas placas, mas foi além disso, pois morreu na Itália lutando na Segunda Guerra.
Em uma das principais ruas do Centro, Delfim Moreira surge como sendo Deputado, embora Presidente da República entre 1918 a 1919.
Em outras, estão ausentes detalhes importantes, como se vê em ruas com idênticos nomes. Há uma Rosa no Milho Branco e outra Rosa em Manoel Honório…
Ou questões de mero descuido. Na Alencar Tristão, o conhecido Investidor Imobiliário aparece como sendo “Investigador” Imobiliário.
Parece oportuno, igualmente, eliminar o depreciativo “Marginal” para identificar locais ainda não destinados à memória.
Advirta-se, porém, que as inconveniências nem sempre têm sido corrigidas com a pressa necessária. Melhor exemplo foi a constrangedora Rua da Penetração (sic), em Barbosa Lage, que custou a virar Rua Antônio Guimarães Peralva, graças à Lei 7313, de março de 1988.
(*) Wilson Cid é jornalista