Quem está de fora da relação ficará impressionado com a “união” entre um e outro, sem ter a menor noção do quanto um precisa “sugar” o outro para manter a aparência de uma relação pautada no chamado padrão de “normalidade”.
29-01-2025 às 10h12
Sérgio Augusto Vicente*
Quem já leu os maravilhosos contos de Monteiro Lobato em “Urupês” ou já viveu na roça, sabe o que é um mata-pau.
Um otimista ingênuo dirá que essa planta enroscada no tronco dessa árvore é um abraço afetuoso. Os pessimistas, enquanto isso, dirão que ela está a enforcá-la.
Os realistas dirão que essa é uma forma discreta e sutil de um ser vivo se aproximar gradualmente do outro para matá-lo. Um assassinato tão sutil e cordial que mais parece um ato de solidariedade, altruísmo e pleno despojamento de si para cuidar do outro. Na verdade, essa é a mais covarde das formas de dominação.
Eu diria que essa é a metáfora perfeita de uma violência doméstica, de um feminicídio, de um assédio moral no ambiente de trabalho, do relacionamento com uma pessoa narcisista ou até mesmo psicopata, etc. Quem está de fora da relação ficará impressionado com a “união” entre um e outro, sem ter a menor noção do quanto um precisa “sugar” o outro para manter a aparência de uma relação pautada no chamado padrão de “normalidade”.
Agora, diga-me uma coisa: você conhece e/ou já viveu um relacionamento assim?
*Professor de História e Historiador. Doutor, Mestre, Bacharel e Licenciado em História pela UFJF. Colunista do jornal “Diário de Minas” e colaborador de outros periódicos. Membro correspondente da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil (Mariana-MG). Trabalha na Fundação Museu Mariano Procópio (Juiz de Fora-MG).