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Leite em embalagens “tetra pak” e o vendido em latões no lombo de cavalo, qual a opção do leitor?

Leite em embalagens “tetra pak” e o vendido em latões no lombo de cavalo, qual a opção do leitor?

A gente sempre soube que o leite ordenhado tem de ser destinado logo à pasteurização porque senão azeda, mas atualmente é possível conservar o produto por muito tempo; será isso saudável

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Direto da Redação

27-09-2022

6h34

Houve época, no interior dessas Minas Gerais, o leite de vaca era vendido em latões, no lombo de cavalo e entregue em domicílio. Geralmente, era um vaqueiro jovem de chapéu de couro na cabeça, roupas suadas, surradas e esporas nas botinas rangedeiras. Leiteiro e cavalo tinham o mesmo cheiro.

Quando o leiteiro chegava montado, logo o ar em volta deles cheirava a leite misturado ao cheiro de urina de cavalo. Do interior dos latões, de um lado e do outro, vinha o ruído característico de leite sacudido a cada movimento do cavalo.

E o leiteiro gritava assim pelas ruas:

_ Oiaoleeeiii...teeeiro, oiaoleeei...teeeiro...

As mães iam para a porta das casas cada uma com uma vasilha na mão. O leiteiro usava uma lata para medir o litro. Ele enfiava a lata no latão e despejava o leite no vasilhame de acordo com a quantidade desejada pelo freguês.

Ele mesmo manuseava o dinheiro, recebia e dava o troco. Fazia tudo montado no cavalo. Só tinha o trabalho de virar para um lado ou para o outro quando ia abrir o latão da direita ou o da esquerda.

Quando foi isso? No tempo em que o leite era um produto altamente perecível. A ordenha das vacas era feita aos primeiros clarões do dia, e o leite tinha de ser vendido logo de porta em porta senão corria o risco de azedar.

Em casa, as mães ferviam o leite. Era preciso ficar atento diante do fogão para não deixar o leite transbordar do vasilhame no momento da fervura. Sobe uma espuma, e se a panela não for retirada logo o leite apaga o fogo. Fogão a lenha.

O pão podia ser comprado na padaria, mas também era entregue em domicílio. De manhã, logo cedo, era só abrir a janela e o pão lá estava enrolado em papel cinza.

O pão nosso de cada dia continua sendo feito de trigo importado. Mas nem sempre foi assim. Antes do trigo, o café da manhã da gente norte mineira era à base de milho, mandioca, ovo cozido, beiju, cuscuz, bolinho de chuva e biscoitos fritos ou assados em forno de barro. O fubá era de milho integral. Do fubá se faziam mingaus com pó de canela por cima e pedaços de queijo ou requeijão de Salinas.

Em finais da década de 1940, início da de 1950, os Estados Unidos tiveram uma grande safra de trigo e mandaram um tanto para o Brasil fazendo como os traficantes agem ao criar o vício distribuindo droga. Não que o trigo seja droga do tipo, mas foi criada a necessidade de consumo e de compra de trigo; deles, claro. A questão é que a introdução dele mudou os hábitos. Hoje o Brasil produz trigo no Sul e importa outra parte pelo câmbio do dólar.

O pão tem o seu lugar em todas as mesas. É alimento de grande importância social. O rico, o remediado e o pobre comem pão. O pão nos dá a cota de carboidrato necessária ao corpo para o gasto energético do dia.

Mas no caso do leite é diferente. Numa comparação entre o leite vendido atualmente em embalagens “tetra pak” e o leite comercializado antigamente, em latões no lombo de cavalo, qual seria a opção do leitor?

Seria mesmo saudável um produto altamente perecível, como o leite, que hoje em dia fica dias nas prateleiras em embalagens “tetra pak”? As propriedades dele são mantidas?

Como dizia o Marátma Gandhi, que libertou a Índia do jugo inglês, “leite de vaca é para o bezerro”. Particularmente, prefiro sucos de frutas vários. Leite, dizem, gracejando: “Faz nascer cabelo nos ouvidos”.

O ritmo de vida atual leva as pessoas a consumirem produtos com aparência “saudável e natural”. O resultado disso já é visto nas ruas das cidades: hoje a metade da população brasileira é obesa.

É fundamental investir na alimentação saudável para economizar o médico, o hospital e a farmácia. Os verdadeiros remédios estão nos sacolões, variedades de frutas, legumes e verduras em doses homeopáticas todo dia.

Refrigerantes de modo geral, Coca Cola, principalmente, devem ser riscados do cardápio. Se as gerações movidas a refrigerantes, “chips” e produtos do gênero não mudarem o tipo de alimentação, a tendência é de aumento das estatísticas de homens e mulheres obesos. Nem é preciso ser especialista no assunto para dizer: essa geração mal alimentada corre o risco de viver menos tempo.

É de bom alvitre às vezes recorrer à mochila do tempo para resgatar hábitos saudáveis como quando se podia chupar jabuticaba e laranja no pé. A banana e o mamão estavam ali, à mão, no quintal. E o leite, de fato, era integral, não benzido.

Imagem da Galeria Em algumas fazendas de Minas a ordenha é feita manualmente
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