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Belmiro Braga inaugura Casa de Cultura

Belmiro Braga inaugura Casa de Cultura

No dia 5 de julho, às 16 h, inaugurou-se no município mineiro de Belmiro Braga uma Casa de Cultura em homenagem ao patrono da cidade. O espaço possui informações e objetos bastante representativos, organizados em quatro seções temáticas

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17-07-2024  às 10h:42

Sérgio Augusto Vicente*

A solenidade de inauguração reuniu a equipe técnica e intelectual que colaborou diretamente para a concretização do projeto, o prefeito José Paulo, alguns membros de sua equipe de governo, bem como representantes das comunidades e a sobrinha-neta do poeta Belmiro Braga (sra. Leila Barbosa), que saiu de Juiz de Fora para prestigiar o evento.

Provisoriamente instalada no térreo do prédio em que funciona a Secretaria Municipal de Educação, a Casa de Cultura é uma iniciativa pioneira no Município. O espaço ainda é muito pequeno, mas já conta com informações e objetos bastante representativos, organizados em quatro seções temáticas. A primeira seção é constituída de uma linha do tempo ilustrada, que sintetiza diferentes passagens da vida de Belmiro Braga, começando em 1870, com o seu nascimento, passando por 1937, ano de sua morte, e chegando às homenagens póstumas que  lhe foram prestadas, bem como aos estudos e publicações já realizadas sobre ele, com ênfase nas pesquisas da sra. Leila Barbosa e na tese de doutorado do historiador Sérgio Augusto Vicente, o primeiro a escrever uma biografia do literato, que será defendida no Programa de Pós-Graduação em História da UFJF. Ainda nessa seção, que contou com a colaboração voluntária do referido pesquisador, o público pode verificar alguns livros de autoria do poeta - um deles, inclusive, dedicado ao escritor cearense Antônio Sales, que, após conhecê-lo em Cotegipe em 1900, contribuiu para projetá-lo nas letras nacionais. A grande atração dessa parte da exposição, no entanto, é o conjunto de reproduções de cartas que Belmiro Braga escreveu ao seu grande ídolo, Machado de Assis (1839-1908).

A segunda seção apresenta, em texto e imagens, uma breve história do município, que, antes de se emancipar de Juiz de Fora, em 1962, chamava-se distrito de Vargem Grande e, posteriormente, distrito de Ibitiguaia. Nessa seção, é possível verificar fotos antigas de capelas e pontes da região, inclusive da histórica ponte de ferro de Sobragy, fabricada em Glasgow e inaugurada em 1907, mas completamente destruída pelo abandono do poder público.

A terceira seção se dedica a apresentar os patrimônios históricos materiais e imateriais tombados no município, com destaque para a Igreja de São José das Três Ilhas e a folia de Reis, que tem como um de seus homenageados o saudoso mestre folião, sr. Geraldo Luciano, do distrito de Sobragy.

A quarta seção é uma homenagem ao artista popular, sr. Antônio de Oliveira, famoso nacionalmente pelos bonecos e peças de madeira que confeccionava. Apesar de a maior parte de sua produção hoje pertencer ao Museu Casa do Pontal, no Rio de Janeiro, ainda foi possível lhe render uma homenagem póstuma, com a exposição de alguns exemplares de seu trabalho na Casa de Cultura, erigida em sua terra natal.

Sob a curadoria e coordenação do historiador André Colombo e com o apoio do prefeito e dos gestores culturais da cidade, a Casa de Cultura tem como objetivo fomentar a cultura e o turismo no município. A ideia é que, ao visitarem esse espaço, as pessoas tenham noção do conjunto do patrimônio histórico, cultural e artístico (material e imaterial) de Belmiro Braga e conheça um pouco mais dessa terra em que nasceu o poeta cujo nome lhe foi concedido. Ou, como disse Carlos Drummond de Andrade em carta endereçada ao primeiro prefeito do mais novo município emancipado, um "simpático nome".

  O projeto, por enquanto, engatinha, mas foi, sem dúvida, uma iniciativa importante, sobretudo se, ao longo dos próximos anos, receber o apoio e o incentivo de que necessita para a sua manutenção e funcionamento básicos, como a contratação de funcionários, o desenvolvimento de projetos de educação patrimonial, de atividades culturais, de políticas de aquisição, registro, pesquisa e conservação de acervo, etc. É preciso, ainda, pensar na transferência para um espaço mais amplo, de modo a possibilitar a exposição e guarda de acervos que podem e devem crescer criteriosamente, através de compras e doações efetuadas por cidadãos e cidadãs que desejam e merecem participar da construção desse projeto de memória coletivo.

É preciso, portanto, fazer valer a lei de criação da instituição, tornando-a um equipamento cultural ativo, dinâmico e operacional, capaz de gerir e conservar o complexo patrimonial da sede e dos distritos, valorizando a diversidade cultural e os sentidos de pertencimento das comunidades. Que, assim, o direito à memória e à cultura possa se consolidar ao longo dos próximos anos, independente das equipes de governo que vierem a assumir a prefeitura. Afinal, mais do que produto da política de um dado governo, a Casa de Cultura de Belmiro Braga precisa ser vista como produto de uma política de Estado, para que ela venha a crescer e se fortalecer como um patrimônio vivo, perene, democrático e de todos.

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