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Barulho dos motores mata peixes e estressa gatos

Barulho dos motores mata peixes e estressa gatos

O que a UFMG alertou há meses, quanto aos malefícios da Stock Car na Pampulha, já está acontecendo. Hoje será o teste maior, com a 13ª etapa da competição.

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18-08-2024 às 10h:40

Direto da Redação

O que a direção da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) temia e enfatizou várias vezes, pública e juridicamente, que poderia acontecer, aconteceu. Com o estresse, houve registro de mortes de animais no Hospital Veterinário devido ao barulho dos motores dos carros da Stock Car.

Como denunciou Eliane Gonçalves de Melo, responsável pelo Hospital Veterinário da UFMG, já foram registradas mortes de peixes que fazem parte da Universidade. E também foi observado, segundo ela, que “os gatos da Universidade somem durante a ocorrência dos barulhos dos carros e só voltam depois. Alguns estão muito estressados”

Por causa disso, como ela disse, “Começamos a reduzir nossos atendimentos que poderiam resultar em internação por conta da corrida”. É que, por mal dos pecados, como se diz no popular, o circuito de rua foi montado ao lado da Universidade.

E enquanto os motores dos carros da Stock Car roncam, uma batalha vem sendo travando juridicamente entre a Universidade moradores, moradores e comerciais da região e a organização do evento, que, literalmente, passou o carro por cima de tudo e, enfim, está a realizar o evento que é de repercussão mundial.

Eliane explica que a Universidade teve de realocar certos animais e instalou uma força-tarefa para monitorar os animais em tempo real devido à exposição sonora.

“Alguns animais foram realocados por conta do barulho em hospitais parceiros. Outros não foram realocados porque estão inseridos em estudos, como bezerros e cabras”, disse.

Quem está de fora, tanto da UFMG como da Stock Car, não deixar de avaliar o quanto de prejuízo de toda ordem um evento com essa corrida gera ao ser realizada em local inadequado.  Foi necessário sacrifica 63 árvores adultas, intervenções em ruas e o transtorno para uma Universidade, que nem sequer foi consultada antes do fechamento do contrato com a organização, em setembro do ano passado.

“Estamos com grupos de veterinários – Eliane continuou – fazendo o monitoramento em tempo real dos animais para tentar diminuir os efeitos da poluição sonora. Um estresse desse pode acabar, inclusive, com qualquer experimento”.

A Stock Car mostrou todo o seu poder ao enfrentar todos, inclusive a justiça para conseguir realizar o seu intento. As consequências não importam para ela.

O que se espera é que tudo termine menos mal para a UFMG, que desde o início chamou a atenção para os possíveis estragos que o ronco dos motores dos carros poderia causar às suas experiências científicas.  

Seguranças agressivos

Baixa frequência foi registrada no primeiro da Stock Car, na capital mineira, nas arquibancadas montadas no entorno do Mineirão e no campus Pampulha e por um treino (“Shakedown”).

O que mais chamou atenção foi a agressão sofrida pelo casal Aline Martins e Geraldo Magela, do Restaurante Farroupilha. Marido e mulher tentaram ir ao estabelecimento e os seguranças da organização os agrediram.

Ao que a UFMG em solidariedade aos empresários, publicou o texto abaixo: “A UFMG presta solidariedade aos vizinhos Aline Martins e Geraldo Magela, do Restaurante Farroupilha, pela agressão sofrida na data de ontem [15/8], ao tentarem acessar o estabelecimento, onde, há 40 anos, atendem a comunidade da região e da UFMG.

Os informes inverídicos, a truculência e a falta de diálogo, infelizmente, são algumas das práticas por meio das quais a organização da corrida Stock Car tem atingido a população de Belo Horizonte, que é majoritariamente contrária à realização do evento na Pampulha. É inadmissível que agentes de segurança, contratados pelos empreendedores, demonstrem tamanho despreparo para lidar com a insatisfação dos moradores e de comerciantes do entorno do Mineirão.

“Dessa forma, a UFMG se soma às muitas vozes que têm denunciado, com perplexidade, o uso da violência injustificada contra uma cidadã, que não se silenciou frente aos desmandos que atingiram o local de sustento de sua família e de todos os seus funcionários. O estarrecedor desprezo com que o poder público e a Stock Car têm tratado a comunidade da Pampulha converte-se em amálgama que une, ainda mais, a UFMG com a cidade da qual orgulhosamente faz parte e para a qual atua.”

Além de tudo, a organização do evento censurou o site “Grande Prêmio”, especializado em automobilismo, ao impedir que o repórter, Bernardo Castro, fizesse a cobertura da corrida, em retaliação à reportagem “Por que a UFMG trava batalha contra corrida de rua da Stock Car em Belo Horizonte?”, que apresenta os impactos da corrida para a Universidade e para o seu entorno.  Ao que a reitora Sandra Regina Goulart Almeida lamentou o episódio e comentou: “O veículo e o repórter foram retaliados porque fizeram bom jornalismo".

 

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