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Algo estranho está sendo arquitetado para o AC

Algo estranho está sendo arquitetado para o AC

Demolir o Automóvel Clube de Montes Claros para fazer estacionamento, “é o fim da picada”. Nem bem a sociedade montes-clarina se conformou com a demolição do Hotel São José

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12-08-2024 às 09h:37

Direto da Redação

O colunista social de Montes Claros, da Gazeta do Norte Mineira, Theodomiro Paulino, especialista em festas no Automóvel Clube de um passado nem tão distante, de olho naquele espaço fechado faz anos, sem uso nenhum e como imóvel que guarda as alegrias de várias gerações, ele acha que sempre há o temor que venha a ser derrubado para virar estacionamento de veículos.

Théo, como é chamado, publicou na sua coluna que passou de carro pelas proximidades do Automóvel Clube e teve a impressão de que “estão fechando com tapumes”. Se fecharem com tapumes, uma das duas coisas pode acontecer: derrubar ou reformar.

Acionado pela editoria do DM, o jornalista, radialista e cineasta, autor do filme “U hôme qui casô cua mula”, Eduardo Brasil deu uma passada pelas proximidades do AC, como o clube é chamado na intimidade, e não constatou nada de diferente, embora a foto sacada por ele apresente no frontispício, onde seria vidro há alguma coisa diferente, amarela, que lembra uma chama de compensado.

Como não há ninguém que fale pelo AC, os associados que o mantém fechado podiam ouvir as sugestões para uso do imóvel. A essa altura, com a quantidade de opções de espaços para festas, o AC não será o mesmo, mas o espaço podia bem ser aproveitado para outro tipo de atividade relacionada com a cultura, sugestão de Eduardo Brasil. Montes Claros não é conhecida como “Cidade da Cultura?”. O caminho pode ser esse, senão a sugestão do próprio Théo, “vender a parte de trás, da piscina e sinuca (a área de lazer) e tornar a parte da frente como salão de recepção.

Depois de tudo, demolir o AC para fazer mais um estacionamento, é, como se diz, “o fim da picada”. Nem bem a sociedade montes-clarina se conformou com a demolição do Hotel São José, de memórias mil. Será agora a vez do AC?

João Gilberto cantou no lançamento das cotas

O jornalista de Pirapora, Dimas Lúcio Fulgêncio, que morou em Montes Claros durante anos e retornou à terra natal, conta ter editado uma reportagem numa revista na qual discorreu sobre a história da criação do Automóvel Clube. “História Fantástica”! Exclamou ele.

-Fiquei estarrecido quando cheguei em Montes Claros, recentemente, e vi o Automóvel clube abandonado; e o taxista que me levou da rodoviária para o hotel me disse que o clube havia sido fechado, e viviam nele moradores de rua. E eu disse: - Não é possível!

Dimas contou ao Diário de Minas que, no lançamento da venda de cotas do Automóvel Clube, “sabe quem foi cantar? Ninguém menos do que o baiano João Gilberto”. Só que, na ocasião, ele iniciava carreira como cantor profissional e já havia gravado o LP “'Chega de Saudade”'.

O engenheiro Pimenta, responsável pelo projeto e pelo lançamento das cotas do clube, “me disse que João Gilberto era o cachê mais baixo que tinha, naquela época”. E desde lá “era criador de caso, pois na hora da apresentação, o cantor ainda não tinha aparecido lá no Clube Montes Claros (que, anos depois, foi transformado no Conservatório de Música).

É Dimas quem conta: “O engenheiro Pimenta foi até o Hotel Santa Cruz, onde estava hospedado o cantor João Gilberto, e lá o encontrou, meia hora atrasado para a apresentação, deitado na cama e só de calção. O cantor disse que não iria cantar porque estava indisposto. O engenheiro me disse, na entrevista, ter dado “uma espinafrada” em João Gilberto, e exigiu que o cantor se aprontasse para ir, “imediatamente, para a apresentação”.

Na ocasião, Pimenta disse ao Dimas que era recém formado, e quando apresentou o projeto para o Automóvel Clube, se não fosse o Dr. João Vale Maurício, a maioria dos idealizadores do novo clube montes-clarense não queria aprovar o projeto por ser ele engenheiro de pouca experiência.

Foi então que o Dr. João Vale Mauricio pediu a palavra, na reunião, e disse que os montes-clarenses tinham que valorizar “a prata da casa”, e, após a fala do médico, foi que os idealizadores concordaram com o projeto do engenheiro da família Pimenta.

Segundo Dimas, Pimenta o informou que o cálculo do “'vão livre” do clube foi feito por um engenheiro húngaro responsável pelo cálculo estrutural do Maracanã.

O engenheiro Pimenta disse: “Podem colocar mil pessoas no salão de dança do Automóvel Clube que ele não cai!”

Dimas lastimou o abandono do imóvel, dizendo: “Foi só Rosarinha e Coró saírem para o clube definhar''. 

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