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“Marão” é o livro

Mário Ribeiro da Silveira (irmão de Darcy Ribeiro) “um visionário progressista do Norte de Minas”. Médico sanitarista, ex-prefeito de Montes Claros, se vivo estivesse, estaria fazendo 100 anos de idade

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15-09-2024 às 09h:19

Alberto Sena*

Não sei se isto acontece com toda gente, mas comigo é assim, vou guardando o que acho ser importante guardar, e depois de algum tempo remexo e faço um ajuste de tudo, mantenho só o que realmente é importante.

Como o cartão datilografado e assinado pelo professor Darcy Ribeiro, com os seguintes dizeres: “Meu prezado Alberto, alegro-me por ter contado com você neste belo esforço de estruturação do “Programa Mineiro de Desenvolvimento Social. Espero que algum dia se torne realidade aquilo que, juntos, projetamos construir para a população carente de Minas”.

Foram seis meses que, juntos estivemos, no governo Newton Cardoso (MDB), quando o professor Darcy Ribeiro deixou tudo no Rio de Janeiro para atender a proposta de alfabetizar todos os mineiros, por meio de um trabalho social dirigido à categoria dos mais carentes.

Uma belíssima ação que seria implementada por quem vinha com a fama de criador de escolas, aqui e em algumas partes do mundo; um intelectual diferente, que cria no amor ao próximo e suas atitudes sempre foram direcionadas aos outros.

Mas, meia dúzia de meses depois, quando já preparava uma “fábrica de escolas”, com capacidade de construir unidades de argamassa armada, que pouco ou nada precisaria do ferro, o que baixava os custos, aí, como se diz, “o bicho pegou”. Achavam que era um desaforo Darcy construir escolas que prescindiam do ferro em meio ao minério de Minas.

O poeta Carlos Drummond de Andrade encontrou uma pedra no meio do caminho, e Darcy foi uma pelota de minério de ferro. E como ele não estava aqui de bobeira, juntou o que trouxera e retornou ao Rio de Janeiro e criou o “Memorial da América Latina”.

E para comprovar a assertiva de que um assunto puxa outro, acabo de receber o convite de Ucho Ribeiro, sobrinho de Darcy, para comemorar os 100 anos do pai, Mario Ribeiro, quando será lançado o livro “Marão”, médico sanitarista, ex-prefeito de Montes Claros. Diferentemente do irmão, Darcy, que era de baixa estatura, Marão era comprido, daí o epíteto, e de um coração maior do que ele mesmo.

A inteligência e o talento eram semelhantes, pois ambos vieram da mesma matriz, a Mestra Fininha, que dá nome à Avenida de acesso à Escola Normal Darcy Ribeiro, onde tive a satisfação de estudar o “científico”.

Tudo que hoje em dia há em Montes Claros em termos de saúde, cultura, esporte e progresso desenvolvimentista tem a marca de Marão e quem o conheceu pode confirmar isso neste centenário dele.

Ucho enviou-me a seguinte mensagem: “Comemoraremos o centenário de Marão, no sítio “Tira-Teima” em Moc. Você é nosso convidado. Lançaremos um livro sobre Marão com um artigo seu sobre ele. Ficaremos muito felizes com sua presença.”.

E eu, essa figura “descolorida”, como o amigo Fernando Gontijo, de Montes Claros, costumava dizer de si mesmo, ficarei muito mais feliz de poder participar desse encontro por tudo que se possa viver nesse dia, inclusive pelo privilégio de contemplar um pôr do sol visto do sítio tantas vezes apreciado pelo Marão e todos da família.

Quando fui convidado para trabalhar na assessoria de imprensa do professor Darcy Ribeiro, ele – nós não nos conhecíamos pessoalmente – pediu referências minhas ao Marão. Os dois foram então de grande importância na minha vida pessoal e profissional.

Acho que Marão falou “tão mal” de mim que o sagaz Darcy acreditou.

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