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De como um acordo tira a harmonia da Filarmônica

De como um acordo tira a harmonia da Filarmônica

Que tinha prazo até o dia 31 de julho para se retirar de sua própria sala, a Sala Minas Gerais. Mas o Tribunal de Contas do Estado (TCE) frustrou os planos do sistema Fiemg-Sesi

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11-04-2024 às 09h:09

Direto da Redação

Na orquestração da cultura mineira, centralizada na capital dessas Minas Gerais, alguém, no singular e no plural, está tocando a tecla errada do piano.

Tudo começou a partir de um convênio assinado no dia cinco deste mês, entre a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), com o Serviço Social da Indústria (Sesi), escancarando as portas da sala da Filarmônica de Minas Gerais para uso de todas as atividades culturais e expulsando-a da sala.

Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, dizia na ocasião que “a parceria representa um momento muito especial para a cultura e a arte de Minas Gerais e o Sesi tem grande expertise na área, com mais de 92 anos de história na área cultural”.

E ele disse mais: “O coração de Belo Horizonte tem que pulsar aqui nessa sala (da Filarmônica). É um prédio magnífico que foi construído para ser o “Templo da Cultura”, aqui, em Belo Horizonte e, infelizmente, na nossa avaliação, ele está subutilizado”.

(Foi talvez neste ponto – “ele está subutilizado”, que fez soar o congo, ou a buzina do Chacrinha, se ele estivesse vivo, senão Flávio Cavalcanti, só para lembrar deles).

De repente surgiu um maestro com a toga do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE) para conduzir a orquestração cultural, na pessoa do conselheiro Durval Ângelo, que suspendeu de cara o acordo de gestão compartilhada da Sala Minas Gerais. Com a batuta, disse ele o seguinte:

“Recomendo ao diretor presidente da Codemig, Thiago Toscano, que se abstenha de praticar qualquer ato referente ao acordo de cooperação com a Fiemg/Sesi Minas para gestão compartilhada da Sala Minas Gerais e do Espaço Mineraria que tenha como resultado a formalização da alienação ou gestão administrativa do objetivo até ulterior análise da documentação em questão”.

E recomendou a suspensão do acordo que simplesmente retira de sua sala a Filarmônica de Minas Gerais

O conselheiro explica o ato baseado no fato de a Sala Minas Gerais fazer parte do Programa de Gestão de Portfólio, gerido pela Codemig, e que está suspenso liminarmente pelo TCE desde outubro de 2023.

O TCE também fixou um prazo de cinco dias para que Thiago Toscano preste esclarecimentos sobre o acordo firmado com o Sesi-MG. Assinado em março, dava prazo para a Filarmônica recolher o seu piano até o dia 31 de julho. A sala seria transformada em um palco múltiplo, “apto a receber eventos de diversas naturezas”.

Como não poderia deixar de acontecer, o desconcerto do acordo gerou buzinadas, à la Chacrinha, porque foram grandes os protestos no mundo musical. O Fórum Brasileiro de Dança, Ópera e Música de concerto, assim como a Academia Brasileira de Música e orquestras do Rio de Janeiro encaminharam cartas abertas ao governador Romeu Zema solicitando a revisão da decisão.

Está circulando um abaixo-assinado na plataforma change.org “Contra o Desmonte da Filarmônica de Minas Gerais”, que já conta com mais de 35 mil assinaturas.

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