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Indo um pouco mais fundo no espírito do Carnaval

Indo um pouco mais fundo no espírito do Carnaval

Quem do alto assiste passar essa massa na rua percebe não haver 15 centímetros de distância um do outro. Uma espécie de tubo ambulante que se vai arrastando lentamente

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11-02-2024 – às 16h:46

Alberto Sena*

A mídia de modo geral se limita a mostrar o Carnaval em si, as pessoas fantasiadas, o colorido das fantasias e o que encontra de mais curioso em termos do visual, sem aprofundar nele para refletir sobre o fenômeno, que chama a atenção do mundo inteiro.

É uma pergunta que faço a mim mesmo: o que leva uma pessoa a se fantasiar e sair à rua para estar em meio a uma massa humana como se esta estivesse enlatada?  

Quem do alto assiste passar essa massa na rua percebe não haver 15 centímetros de distância um do outro. Uma espécie de tubo ambulante que se vai arrastando lentamente, impulsionado pelo ritmo da banda – são mais de 500 blocos, 29% a mais do que no ano passado.

Cada povo tem o seu “modus vivendi” e o “modus operandi”. Brasileiros são diferentes dos europeus e por aí vai, em relação aos povos de modo geral. O que muitos lá fora não entendem é o que move os brasileiros, e agora os mineiros com esse Carnaval de rua diferente, com características próprias de quem se despertou mesmo para ser dos melhores do País.

Lá fora eles achavam estranho o Brasil inteiro parar só porque, lá no passado, antes dos 7 a 1 da Alemanha contra a Seleção Brasileira, o escrete nacional ganhava copas do mundo. E o povo comemorava como se fosse a coisa mais importante do mundo.

Eles, lá fora, têm as suas razões de achar estranho, talvez porque pensam politicamente, acham que uma mobilização de tal monta deveria ser feita para reivindicar a realização dos anseios da sociedade.

Afinal, o futebol em si não resolve a questão social de quem é necessitado e os torcedores acabam sendo usados de todos os modos, para que certos atletas possam encher as burras com o futebol chinfrim que estão jogando ultimamente.

Essa alegria no Carnaval e essa paixão pelo futebol, são manifestações populares e significam desprendimento de energias que, se canalizadas politicamente para ações que possam solucionar os problemas sociais, sem dúvida alguma tudo já estaria resolvido

Não sou psicólogo nem sociólogo, mas tenho curiosidade em tratar o fenômeno do Carnaval tanto baseado numa como na outra matéria, porque no quadro atual, o mundo está em convulsão sob todos os aspectos, inclusive quanto às mudanças climáticas, e aqui no Brasil vive-se um Carnaval que contraria todas essas impressões.

E no caso particular mineiro, especialmente do folião de Belo Horizonte, o que para muitos seria um carnaval de alegria acaba sendo uma tristeza porque precisam enfrentar longas filas para usarem os banheiros químicos que ficam naquela base, em matéria de higiene e de mau cheiro.

Para explicar o temperamento dos brasileiros temos que invocar o professor Darcy Ribeiro, porque ele sabe qual a porção mágica colocada no caldeirão étnico em que essa raça foi forjada, com sangue português, indígena e negro.

Pode ser que o arroz com feijão também tenha contribuído porque faz parte da dieta diária de quase todo brasileiro. Não é o arroz sozinho, nem o feijão isoladamente, mas o arroz sempre acompanhado do feijão.

O Carnaval acaba por funcionar como válvula de escape para os que sentem a necessidade de pôr para fora o estresse, os sentimentos que os atormentam em busca de uma alegria efêmera, porque sempre se dará a escrita de que “tudo se acaba na quarta-feira”.

*Editor Geral do DM
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