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O fenômeno do Carnaval de rua em BH

O fenômeno do Carnaval de rua em BH

Em BH, o Carnaval já se vai consolidando de modo a mais uma vez demonstrar o quanto a capital se transformou em poucos anos com um novo modo de fazer a folia

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04-02-2024 às 07:37h.

Bento Batista*

De antemão, informo nada ter contra o Carnaval, mas como a gente é de um outro tempo, o “modus operandi” da folia de hoje nada tem a ver com a de um passado nem tão distante.

Carece de um estudo socioeconômico e político por ser um fenômeno urbano, mas para muita gente é incompreensível o porquê de uma multidão comprimir-se nas ruas, em dia de sol quente, a maioria seminua, uns se movendo ao ritmo da banda do bloco, outros só com copo nas mãos e conversando, movimentando-se lentamente.

Para quem gosta de ver uma turba dessa passar pela sua rua logo chega à janela e se mostra disposta a entrar no batuque, o que é salutar também. Mas há os que não gostam e é necessário levar em conta isso por muita das vezes é gente com problema de saúde. Por aí vai.

Claro, se essa juventude toda comprimida, como mostra a foto, tem sentido, não há porque ser contra essa manifestação, e nem se chegou a cogitar disso, afinal de contas, é uma manifestação popular e cada um tem o seu motivo para passar algumas horas se mostrando como se mostram no carnaval, que, aqui por essas plagas vai se esticando cada vez mais.

Uns têm necessidade de se juntar dessa forma e conversar com os outros em meio ao vozerio e o som das caixas da banda do bloco. E o mais incrível deve ser fazer-se entendido, se é que numas circunstâncias dessas alguém ainda quer ser entendido ou entender.

Não sou sociólogo, mas o tino jornalístico exercido a vida inteira, até aqui – e daqui por diante continuar na ativa sempre – me credencia a dizer certas coisas porque são coisas vistas “in loco”, como se dizia no jornalismo impresso. São vividas, há um corpo a corpo nisso, não como o corpo a corpo dos foliões, mas num sentido sensorial, psíquico, de observação empírica do comportamento das pessoas.

Compreensível é que passamos aqueles dois anos de pandemia e, ao que parece, as pessoas estão se esbaldando, demonstram que pouco ou nada absorveram das lições dos dias pandêmicos e voltaram a viver relaxadamente como antes do coronavírus.

Evidentemente, a gente torce para que tudo transcorra bem. Cada uma dessas pessoas comprimidas ali nas ruas, inegavelmente, uma concentração dessa é sempre um prato cheio para ocorrências várias.

Todavia, não se pode impedir que aconteçam manifestações do tipo porque servem como válvula de escape para as pessoas que porventura estejam compridas por dentro e com necessidade de exteriorizar, botar tudo para fora a fim de, conscientemente, buscar se melhorar como ser humano e estimular outros para que façam a mesma coisa.

Sim, porque até pessoas cegas devem estar enxergando a essa altura, o quanto caiu a qualidade de vida no planeta como um todo. As guerras são responsáveis pelas nuvens escuras que cobrem a Terra e essa energia acaba absorvida por quem é suscetível e urbanamente se vai espalhando entre as pessoas.

O importante é que assistir a cenas do tipo é um prato cheio para se fazer um estudo sociológico, porque não há como barrar o tempo e a própria evolução vai claramente mudando o status de vida das pessoas e, intrinsecamente a maneira de ser e de manifestar por meio de um carnaval, costume popular, que é a cara do brasileiro.

*Jornalista e escritor

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H´15 anos, a cidade era um deserto no Carnaval. Hoje está dessa forma como vocêdescreve. A vida é um mistério, mas a alegria está na alma do povo.D

 

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