
A Marinha do Brasil já caminha para celebrar seu centenário em Minas Gerais. CRÉDITOS: Willian Dias/Divulgação
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19-03-2025 às 09h27
Fernando Neto*
O ex-presidente Tancredo Neves gostava de afirmar que liberdade era outro nome de Minas, posto que esse valor é, para o mineiro, desde as suas origens coloniais remotas o valor absoluto, consagrado aliás na sua bandeira.
A economia do Estado é majorada por minério, ferro, aço, terras raras e minerais preciosos e estratégicos, podemos dizer que este composto é parte também do nome de Minas, tendo por óbvio que o agronegócio encontra-se representado com relevância no PIB mineiro.
Os últimos acontecimentos mundiais colocam a mineração e a siderurgia mineira em situação de apreensão frente as propaladas sanções do presidente Trump, culminada a reação dos países afetados, a mobilização dos mercados e da indústria para reduzirem o impacto financeiro, tudo isso mantém na mira o aço brasileiro, e, por óbvio, atingem a siderurgia do Estado.
Em passado recente, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), soube com acuidade e senso de oportunidade construir, por meio de sua hoje extinta Câmara de Indústria de Defesa, um produtivo e interessante diálogo com a Marinha do Brasil em torno dos seus projetos estratégicos que, por óbvio, demandam aço que o parque siderúrgico mineiro produz em quantidade e qualidade para o mundo.
Obviamente, apenas mentes desatentas não alcançam a meridiana realidade de que a Indústria Naval, o mercado petroleiro, o PIB das águas e tudo o que gira em torno e ao redor, principalmente navios e submarinos, demandam aço e aço em grandes quantidades.
Daí é preciso fazer barulho, para pôr fim ao silêncio e a indiferença de lideranças empresariais, do mercado nacional e mineiro frente a movimentação em curso da retomada do polo da indústria naval do Rio de Janeiro tanto quanto do Espírito Santo.
Se o silêncio ensurdecedor se der por razões ideológicas, trata-se de impatriótica omissão para com os interesses do Estado. Se o mesmo silêncio se der por desinformação, incapacidade ou desleixo, então passamos da hora de reativar a Câmara de Indústria de Defesa da FIEMG, cujo potencial transcende muito ao de mera fornecedora de fardamentos e coturnos para a força pública.
A Marinha do Brasil já caminha para celebrar seu centenário em Minas Gerais para onde veio pelas mãos dos estadistas mineiros Arthur Bernardes e Raul Soares de Moura. Inicialmente em Pirapora, às margens do Velho Chico, a Capitania Fluvial, já no alvorecer do seu centenário, foi transferida para a capital, centro econômico e político que é Belo Horizonte, em uma clara e lúcida demonstração do almirantado de abertura ao aprofundamento dessa relação de amor simbiótico entre Minas Gerais e a Marinha do Brasil.
É estratégica a consolidação desta relação, integrar Minas Gerais ao “Cluster” naval do Sudeste, em um dos seus aspectos mais promissores e primazes de sua riqueza natural.
O 1° Distrito Naval, cujo comando se insere e abrange os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, constituem a veia condutora do país e não podemos negligenciar os interesses nacionais e ignorar os internacionais sobre nosso solo, águas, tecnologia e minério.
A Sociedade dos Amigos da Marinha, Soamar, em Minas Gerais e o Diário de Minas, jornal mais que centenário, com seus 160 anos de compromisso com as grandes causas de Minas Gerais não serão omissos na defesa desta interlocução, desta parceria e deste projeto que fará maior ainda Minas Gerais, a Marinha e o Brasil.
*Fernando Neto e Empresário