
Os números não mentem. Em competições como o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, os times paulistas dominam as últimas décadas. CRÉDITOS: Divulgação
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07-03-2025 às 08h16
Rafael Baeta Neves de Souza*
Ano após ano, o futebol mineiro se vê diante de um obstáculo que os clubes de São
Paulo parecem driblar com maior facilidade: a adaptação à temporada. Enquanto
Atlético, Cruzeiro e América enfrentam um início de ano marcado por jogos de nível
técnico mais baixo no Campeonato Mineiro, as equipes paulistas iniciam sua
caminhada já em ritmo acelerado, competindo contra adversários mais qualificados
no Paulistão. Essa diferença tem impactos diretos na performance ao longo do ano
e, principalmente, na conquista de títulos.
O Campeonato Mineiro, apesar de sua importância histórica, não oferece o mesmo
nível de competitividade encontrado em São Paulo. Com exceção dos confrontos
entre os grandes clubes, a maioria dos jogos envolve equipes com estrutura mais
limitada, gramados irregulares e pouca exigência tática. Esse cenário cria um
ambiente menos desafiador, fazendo com que Atlético, Cruzeiro e América
cheguem em desvantagem técnica para as fases decisivas da Copa do Brasil, do
Campeonato Brasileiro e das competições internacionais.
Em São Paulo, o cenário é outro. O Paulistão reúne times bem organizados, com
investimentos consideráveis e tradição em grandes competições. Enfrentar equipes
como Red Bull Bragantino, Ituano e Mirassol, que frequentemente impõem
dificuldades aos gigantes do estado, faz com que Corinthians, Palmeiras, São Paulo
e Santos estejam mais preparados fisicamente e taticamente para o restante da
temporada. Isso se reflete no calendário nacional: desde 2002, os clubes paulistas
conquistaram mais títulos de expressão, tanto no Brasil quanto na América do Sul.
Os números não mentem. Em competições como o Campeonato Brasileiro e a Copa
do Brasil, os times paulistas dominam as últimas décadas, enquanto os mineiros,
mesmo com elencos qualificados, sofrem para manter uma regularidade que os leve
a conquistas frequentes. A falta de um estadual mais competitivo coloca os clubes
de Minas em uma curva de aprendizado mais lenta, fazendo com que precisem de
mais tempo para atingir um nível de jogo que já é realidade para os paulistas no
início do ano.
A solução? Reformular o Campeonato Mineiro ou, pelo menos, buscar um formato
que ofereça um desafio maior às equipes de ponta. Até que isso aconteça, Atlético,
Cruzeiro e América seguirão tentando recuperar o tempo perdido quando a
temporada realmente começar para valer.