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Bruna Lombardi e Carlos Alberto Ricelli estão juntos desde 1978. CRÉDITOS: Divulgação
Nada de beleza à base de elastômero, poliuretano e botulismo. Ou faca. Não se notam, nele, tentativas tristonhas de se destacar, seja com excesso de cirurgias, seja em visual constrangedor.
17-02-2025 às 09h52
Brunello Stancioli*
“Truísmo falar de Bruna Lombardi. Tenho 53 anos e ela é minha musa desde “Louco Amor” (Cara, a abertura era Gang 90!). Novinho, sem intenções de ver algo que não fosse para me deixar feliz, pela suavidade de Bruna.
Ela não é só poetisa. Ela é Poesia. E está aparecendo em rede social. Está lá. Linda como uma lufada de musa.
Mas queria falar mesmo é do Riccelli. Ele quase não aparece nas fotos.
Lindo. Nada de beleza à base de elastômero, poliuretano e botulismo. Ou faca. Não se notam, nele, tentativas tristonhas de se destacar, seja com excesso de cirurgias, seja em visual constrangedor.
Ele não é o “marido da Bruna”, como o clichê oligofrênico dizia.
Ele é um cara com personalidade também suave, sem querer berrar por atenção. Ele não precisa. E com uma educação de Lord Inglês da Inglaterra Vitoriana. Mas com prepotência e afetação nulas.
No auge da fama, 1990 se minha informação estiver correta, foi fazer algo novo. Sempre junto de Bruna, um casal tão maravilhoso que merecia um filme por si só.
…e o César Ribeiro? O gigolô irresititivel que “não transa violência”. Capaz de cinismo gélido. Algo como “bate que pego mais dinheiro seu”, com Afonso Almeida Roitmam, (interpretado maravilhosamente por Cássio Gabus Mendes…tenho raiva dele. Ficou com o privilégio de ver a Lídia Brondi todo dia).
Riccelli estava interpretando no mesmo nível de Beatriz Segall, nosso eterno arquétipo de vilã.
Pode amar profundamente, como amava Maria de Fátima (precisa falar algo de Glória?). Ele não a esqueceu. Nunca. Tendo rearranjado a vida de Gigolô, chama Fátima para recompor a pantomima salafrária. Talvez agora com autorização do novíssimo marido de Fátima.
Essa dissociação entre poder amar rasgadamente e total ausência de caráter é um murro no amor romântico. Daqueles que depois de duas horas estatelado te faz ver os sentimentos de maneira absolutamente diversa.
Caramba. Que casal. Lombardi e Riccelli. Até os sobrenomes parecem feitos por Petrarca.
Pra ficar ainda mais incrível, escancaram a diferença entre turismo e viajantes, que são. Passeando pela Patagônia Chilena. Torres del Paine.
Li sobre o Parque, surrealmente, em 1989, quando comecei a ler guias ensaiando ser viajante. E não turista.
Esse ano vou lá, com minha filha.
Esse texto não é saudosista ou lamurioso. Ele é esperançoso. De que tenhamos os ídolos que precisamos. Na esperança de um mundo mais suave, belo, cortês e inteligente.
Aparece, por favor, Riccelli.”
*Brunello Stancioli é Professor da Faculdade de Direito da UFMG