Isso deve ser o importante para toda gente e não só no dia 1° de janeiro, Ano Novo, mas o ano inteiro porque o conflito está em cada uma das pessoas que querem paz, mas fazem guerra
16-12-2024 às 09h40
Bento Batista*
Final dos últimos anos tem sido assim: “Beijos” ou “abraços”, virtuais.
Com o advento da internet ficou mais fácil e menos comprometedor dizer às pessoas: “Beijos” ou “abraços”, ou algo que o valha.
E assim abraçamos ou beijamos cada vez menos. Beijar e abraçar a distância livra o indivíduo de peso na consciência. “Mandei beijos e abraços”, porém virtuais.
Ao mesmo tempo, ninguém mais abraça o outro com a ênfase como se abraçavam noutros tempos, dando tapas nas costas.
Já faz alguns anos, todo ano, à aproximação de dezembro, é um tal de disparar frases prontas muitas das vezes só porque o camarada achou bonitas. Mas será que pratica no dia a dia o teor daquela frase compartilhada?
Considero a aproximação do final de ano momento, sim, para cada um de nós fazer seu exame de consciência.
É o momento de perguntar a si mesmo: o que foi cumprido da lista de itens relacionados para serem trabalhados ao longo deste ano de 2019?
Do que prometi fazer para melhorar a mim mesmo como ser chamado humano, o que fiz eu?
Reclamar por reclamar de tudo e de todos, só pelo hábito de reclamar, e falar mal dos outros, é fácil. A própria palavra “re-clamar” diz “estou clamando” (mais uma vez). Estou reforçando mais ainda o negativismo. É mais um tijolo na construção do incomodo.
Quer um exemplo? Quem vive “(re) clamando” da falta de dinheiro está reforçando-a; melhor pensar “dinheiro vem ou está chegando ou já chegou” e então estará usando a cabeça em favor de si mesmo.
Quer outro exemplo? Quem diz não ter “boa memória”, cada repetição é mais um tijolo retirado na desconstrução dela. Memória precisar ser massageada, acariciada, estimulada.
É importante perguntar-se, por exemplo: “Prometi parar de fumar – parei?” “Disse que ia ler pelo menos um livro por mês; li?” E por aí vai, cada um com os seus desejos concretizados ou adiados.
Muitos de nós promete mundos, com ou sem fundos, mas não cumprimos os itens listados, enganando a própria consciência.
Assim os anos se vão atropelando uns aos outros na voracidade da vida e tudo continua como dantes no quartel de Abrantes.
Quem está satisfeito com a Humanidade e o mundo tal e qual se apresentam hoje, quando o viver se tornou deveras mais perigoso, levante o dedo.
Estamos todos presos em casa protegidos por cercas elétricas e concertinas, como se estivéssemos em “estado de guerra”.
E de quem é a culpa, senão nossa, mesmo? Aqui ou em qualquer parte do planeta, estamos sendo cada vez mais vítimas de nós mesmos. É este o crucial problema.
Exposta a mazela, apresenta-se o remédio: cada um, individualmente (só para reforçar), deve cuidar de si mesmo, tendo em vista se melhorar como gente humana, a fim de melhorar a Humanidade como um todo. O movimento é de dentro para fora, a partir do coração, o nosso órgão de maior poder de energia magnética.
Há quem esteja bem consigo mesmo e, consequentemente, bem também com os outros.
Como diz o filósofo Anes Otrebla, quem ocupa de si mesmo está fazendo a coisa certa, porque de fato, temos de nos melhorar por dentro para tratarmos melhor o semelhante e mudarmos o Inconsciente Coletivo da Humanidade.
Em verdade, se pode dizer, a Humanidade está doente. E não há como pensar a doença se cada alma habitante do planeta não mudar de comportamento, passando de um estado negativo para o positivo, em relação aos pensamentos que pululam as cabeças.
O Inconsciente Coletivo doente é que torna o mundo ruim.
Nesse sentido, não adianta, ao final do ano, as promessas de “melhorar de vida” pensando só em conjugar e a praticar “o verbo ter” na primeira pessoa do singular, em vez “do verbo ser”.
Quer queiram ou não, eis aí a questão. O problema está umbilicalmente relacionado ao consumismo, gestor de disputas e rivalidades das quais derivam o sentimento de ódio que grassa nos dias de hoje, em todos os segmentos da sociedade.
Que este Natal, quando o Menino Jesus nasce mais uma vez, possamos pedir luzes para iluminarem o interior de nós mesmos.
E para 2025, deixemos de prometer a nós mesmos uma porção de coisas que não serão cumpridas para resumir numa só: “Vou me melhorar como gente humana, afinal, dentro do meu peito bate um coração de carne; ninguém pode me melhorar senão eu mesmo”.
A busca de si mesmo o levará ao “Eu Verdadeiro”.
*Jornalista e escritor