
Inteligência e tecnologia aplicada resultou na eficiência verificada do Corpo de Bombeiro de Minas Gerais
24-01-2025 às 14h14
Direto da redação
As operações em Brumadinho que levaram seis anos revelaram o maior e mais longo esforço já empreendido no país para um trabalho de buscas. São 2.193 dias, praticamente sem interrupções, empenhando todos os recursos humanos e tecnológicos para a recuperação das ‘joias’, resultando em 98,8% de efetividade. A operação representa um marco nacional na gestão de desastres, exaurindo técnicas de salvamento e desenvolvendo novas estratégias na doutrina de buscas. As ‘joias’ são como as famílias se referem às vítimas da tragédia do rompimento das barragens da Vale, em Brumadinho, ocorrido em 25 de janeiro de 2019. O acidente deixou 272 pessoas mortas.
foi como procurar uma agulha no palheiro é a expressão que ajuda a compreender a dificuldade de encontrar os desaparecidos. O volume de 10,5 milhões de metros cúbicos de rejeito provenientes do rompimento permitiria encher cerca de 4,2 mil piscinas olímpicas.
Dimensão
Essas operações superaram 1600 horas de voo, controlados pela Força Aérea Brasileira, com a participação de 31 aeronaves. Pelo menos 68 cães de todo o país participaram das ações de recuperação das vítimas. Também houve empenho de 120 máquinas pesadas como escavadeira convencional, braço longo e anfíbio, pá carregadeira, retroescavadeira, perfuratriz, peneira vibratória, entre outras.
Foi o maior esforço de interagências já registrado no Brasil, graças a doutrina do Sistema de Comando em Operações, com a atuação harmônica de mais de 50 órgãos públicos das esferas municipal, estadual e federal. Somente do Governo de Minas, mais de 25, entre secretarias de estado, autarquias, agências reguladoras, fundações e órgãos do Judiciário.
A utilização de um forte aparato tecnológico foi empregado na intenção de aprimorar os trabalhos de inteligência com a utilização de drones e aplicativos para mapeamentos, câmeras termostáticas, magnetômetros, equipamentos de geolocalização, balão de observação, entre outros.
Segurança das operações
Esta operação, uma das maiores do Brasil, que empenhou mais de 4.500 militares em seis anos, é importante salientar que não houve registro de acidente com bombeiros, viaturas ou operações aéreas.
A Corporação de Bombeiros Militares de Minas Gerais (CBMMG) também desenvolveu, junto ao Ministério da Saúde, protocolos de monitoramento de contaminação por metais pesados, acompanhando a saúde dos bombeiros diariamente, cuidado que permanece nos dias de hoje. Durante a pandemia, a tropa também seguiu normas que ajudaram a evitar contaminações, sendo os militares constantemente testados para reduzir a disseminação do vírus.
Relembrando os fatos
Localizada na Mina Córrego do Feijão, o rompimento da barragem B1 ocorreu às 12h28 de sexta-feira, 25 de janeiro de 2019. Um volume de mais de 10 milhões de m³ de rejeito de minério percorreu uma área de aproximadamente 290 hectares, sobre estruturas administrativas que estavam em pleno funcionamento, além de propriedades residenciais e comerciais, sítios, plantações, mata nativa e rio
Rejeito da barragem B1 atingiu o leito do Ribeirão Ferro-Carvão, destruindo estruturas e provocando a morte de 272 pessoas. Minutos após o rompimento, o CBMMG recebeu dezenas de ligações telefônicas solicitando ajuda. Imediatamente, foram acionados empenhos múltiplos de recursos de todas as unidades da RMBH, dando início, então, à maior operação da instituição.
A operação passou por sete diferentes estratégias de buscas e, atualmente, desenvolve a oitava estratégia, voltada para a separação de rejeitos em materiais de interesse que são inspecionados pelas equipes de campo e encaminhadas à perícia.
Legado
Considerada a maior operação da história deixou tristeza e desolação, mas também permitiu avanços no Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, que desenvolveu exponencialmente a doutrina de busca e salvamento.
Os conhecimentos adquiridos permitiram o compartilhamento e a aplicação de novas técnicas em ações humanitárias, lançando o CBMMG no cenário internacional, tornando a corporação uma referência no ensino, atraindo alunos de outras corporações para os cursos de especialização na Academia de Bombeiros Militar.
Não obstante todo o sofrimento causado pela tragédia, a operação, que segue em andamento, se transformou em um símbolo de resignação e respeito do CBMMG para com as famílias e a população mineira, que deixará como legado um atendimento cada vez mais técnico e pautado na prevenção e gestão de risco de desastres.