A mineradora de origem canadense está no Vale do Jequitinhonha e desde que entrou em operação, tornou a vida da comunidade de Piauí Poço Dantas pesadelo com doenças como asma, pneumonia
Direto da Redação
12-11-2024 às 09h:17
Alguma coisa as autoridades do Governo de Minas Gerais, principalmente as relacionadas com a Saúde e o Meio Ambiente precisam fazer em favor das famílias da comunidade de Piauí Poço Dantas, no Vale do Jequitinhonha, que de uma hora para outra passaram a sofrer de doenças respiratórias, asma e pneumonia devido ao pó produzido pela mineração Sigma Lithium, empresa de origem canadense.
Com um discurso rebuscado, a direção da empresa quis impressionar, antes de a empresa entrar em operação, e impressionou dizendo que iria produzir “lítio verde”, para tentar se adequar às exigências da Organização das Nações Unidas (ONU) de resistência às mudanças climáticas.
Aproveitando-se das consequências relativas ao desastre provocado pelo rompimento das barragens tanto de Mariana como de Brumadinho, que além de mortes causaram um estrago nunca visto nas duas regiões, a CEO da Sigma lançou a atividade minerária do lítio sem o uso de barragem de água para os seus rejeitos.
O que a princípio parecia algo positivo, por que os rejeitos seriam depositados a céu aberto, na atualidade gerou um enorme pesadelo para a comunidade de Piauí Poço Dantas, que não tinha esse problema antes da vinda da Sigma para explorar o lítio nas proximidades.
Repentinamente, os problemas respiratórios começaram a surgir em quase todas as residências, como adultos, idosos e crianças sofrendo de asma e pneumonia. Além de rachaduras de paredes das casas passaram a surgir devido a explosão de dinamites.
Mas há muito mais a reclamar contra a Sigma porque a comunidade vivia em paz, no silêncio característico dos lugares campesinos, e na atualidade não consegue nem dormir direito à noite com tanto barulho de máquinas em movimento e menos ainda de dia devido aos ruídos das máquinas e a movimentação desenfreada onde antes reinava a paz.
Tanto a Sigma estragou a vida da comunidade que fornece água para a comunidade porque poluiu o riacho Piauí. Como alegaram moradores: “Eles disseram que não era para consumir mais a água do riacho”.
A essa altura dos problemas denunciados pela comunidade, o governo de Minas, na pessoa do governador Romeu Zema, que instituiu o “Vale do Lítio” na Bolsa de Nova Iorque, e o secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Fernando Passalio de Avelar não podem fazer “ouvidos moucos”. Alguma atitude eles precisam tomar para proteção das famílias.
A própria direção da Sigma poderia se adiantar e resolver essas questões porque afinal de contas é a atividade minerária que está tornando a vida da comunidade um desespero.
Como disse o geólogo Edson Farias Mello, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), na reportagem publicada no “Minas Gerais Notícias, assinada por Caio Guatelli (Mongabay) “se a comunidade está sendo afetada pela poeira e pelo barulho, é preciso saber que medidas a empresa deve adotar para que isto não aconteça. Pode ser que se chegue à conclusão da necessidade de mudar o projeto de lavra”.
Quanto aos estragos do riacho, ele diz: “Se ele está sob uma ameaça real, já há uma inconformidade.”
A realidade da comunidade mudou bruscamente e em terrenos que antes eram planos surgiram, como num passe de mágica, morros de rejeitos, que a empresa diz ser para serem utilizados na recomposição da área após o esgotamento da exploração, que chamam de “plano de fechamento de mina”.
Em setembro do ano passado, ocasião em a Sigma tinha 148 mil m2 de área para estocar os rejeitos, um ano depois, a mesma pilha foi ampliada para 560 mil m2 e está próxima do riacho Piauí.
A reportagem de Caio ouviu o discurso da empresa relacionado com o que ela chama de “lítio verde”, com empilhamento de rejeitos a seco. Os tais “são reciclados para recapeamento de estradas rurais, reprocessados na fábrica industrial de lítio da Sigma e vendidos”.
A empresa usa desse discurso como se estivesse fazendo algum favor e a isso acrescenta a prioridade pela contratação de mão de obra e programas de educação, de crédito para mulheres, de distribuição de água potável e de combate à seca e à fome.
As autoridades têm de mudar a maneira de lidar com os mineradores. Não podem mais pensar só nas empresas que chegam de fora para explorar o lítio. Antes de qualquer coisa, é fundamental incluir as comunidades, inclusive nos lucros dos estrangeiros que por aqui aportam como discurso duvidosos, com o intuito somente de lucrar, deixando na região só o bagaço.