
Defesa Quântica e soberania - créditos: Olhar Digital
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04-04-2025 às 11h11
Marcelo Barros(*)
Em pleno coração do Rio de Janeiro, uma conexão invisível ao olho humano representa um marco inédito na história da Defesa nacional. O Instituto Militar de Engenharia (IME) ativou o primeiro link de comunicação óptica no espaço livre (FSO) do Exército Brasileiro, conectando ciência e segurança com uma taxa de transmissão que alcança 1 bilhão de bits por segundo.
O sistema FSO (Free Space Optics) funciona por meio da transmissão de fótons colimados, oferecendo altíssima taxa de dados, baixa interferência eletromagnética e segurança reforçada. Ao contrário das ondas de rádio, a luz laser usada em FSO é extremamente difícil de interceptar sem ser detectada, tornando-a ideal para aplicações em comunicação segura e criptografia quântica.
O enlace de 800 metros liga o IME ao Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e integra duas iniciativas estratégicas: a Rede Rio Quântica (RRQ) e a Rede Hermes Quântica (RHQ). Esta última é voltada diretamente à Defesa Nacional, com foco em Quantum Key Distribution (QKD) — um protocolo de segurança que garante a integridade de dados com base em princípios da mecânica quântica.
A instalação foi conduzida por uma equipe mista liderada pelo Tenente-coronel Vítor Andrezo, com participação do Capitão Oscar Martins, dois pesquisadores de pós-graduação do IME. Essa estrutura colaborativa traduz a filosofia de Escola Empreendedora e Corporativa, inserida no Programa Estratégico do Exército “IME 1000”.
O IME não apenas forma engenheiros militares, mas também atua como catalisador de inovação em áreas críticas para a soberania nacional. Com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), os projetos RRQ e RHQ refletem o compromisso do Exército com a formação de talentos e a produção científica de impacto dual, com aplicações civis e militares.
Em tempos de guerra informacional e ciberataques transnacionais, o domínio sobre tecnologias como FSO e QKD se torna um ativo estratégico de primeira ordem. A capacidade de transmitir dados com segurança absoluta pode redefinir os paradigmas de comando e controle nas Forças Armadas e proteger infraestruturas críticas nacionais.
O avanço marca a entrada do Exército Brasileiro na chamada Quarta Revolução Industrial, com desdobramentos que ultrapassam o campo militar, tocando áreas como segurança cibernética, ciência dos materiais e telecomunicações. Mais do que um experimento acadêmico, o link FSO do IME é um salto tecnológico com efeitos geopolíticos reais.
(*)Marcelo Barros é jornalista
Acesse:https://www.defesaemfoco.com.br/ime-ativa-1o-link-optico-fso-do-exercito-brasileiro/