Créditos: Divulgação
13-12-2025 às 13h00
Direto da Redação*
O pequeno município mineiro de Goianá, na Zona da Mata, completa 30 anos de emancipação política no dia 21 de dezembro. O jovem município, que, em 1995, conquistou a sua autonomia ao desmembrar-se de Rio Novo, ao contrário do que alguns poderiam supor, é dono de uma história longeva, que remonta à passagem de vários séculos. Afinal, antes mesmo da chegada dos primeiros colonizadores, os povos originários lá estavam presentes. Já no século XIX, tal presença foi identificada por estudos arqueológicos, projetando Goianá – ou o velho Santo Antônio do Limoeiro – internacionalmente.
Vestígios materiais com mais de 800 anos foram coletados e enviados para dezenas de instituições científicas do mundo, tornando a localidade conhecida como um dos berços da arqueologia brasileira. Essa rica trajetória pode ser conferida no livro que celebra essas três décadas, intitulado “Goianá — MG: origens ancestrais, lutas e conquistas”, organizado pelo historiador André Colombo.
Trata-se de uma obra coletiva que lança novas abordagens sobre o passado da região e traça perspectivas sobre as próximas décadas de Goianá. A tarefa ficou a cargo de 36 autores de diferentes campos de atuação que, em 22 capítulos, tecem um amplo mosaico que conta desde a presença dos povos originários e dos primeiros colonizadores até a construção do moderno Aeroporto Regional da Zona da Mata e a consolidação do emblemático Assentamento Denis Gonçalves.
Entre esses pontos extremos encontrados ao longo de 222 páginas, estão presentes temas diversos e, ao mesmo tempo, complementares, que narram a formação histórica, religiosa, cultural, antropológica e econômica de Goianá, revelando a identidade de suas gentes. É uma obra de fôlego, com grande diversidade de olhares. Nela, a precisão das análises acadêmicas coexiste de forma harmoniosa com relatos memorialísticos.
O projeto contou com a parceria da Fundação Museu Mariano Procópio, em Juiz de Fora (MG), atualmente sob a gestão da arquiteta Ana Maria Werneck. Os historiadores da instituição, Priscila da Costa Pinheiro Boscato e Sérgio Augusto Vicente – respectivamente, doutoranda e doutor em História pela UFJF – colaboraram com um dos capítulos da obra. Nesse capítulo, ambos abordam os vestígios materiais da conhecida Fazenda Fortaleza de Santana (situada em Goianá) no acervo do museu juiz-forano. O convite para essa participação se deu em razão dos Ferreira Lage – família do Sr. Alfredo Lage, fundador do Museu Mariano Procópio em 1921 e responsável pela doação desse patrimônio ao municipio de Juiz de Fora em 1936 – ter sido proprietária da fazenda até o início do século XX. Priscila e Sérgio não apenas narram e descrevem, como também levantam algumas reflexões críticas acerca do lugar dessas terras na memorialística museal e nas narrativas formuladas pela instituição ao longo do tempo. Mais do que evidências, ambos provocam os leitores a pensarem sobre silêncios e ausências.
O professor e prefeito municipal, Paulo Roberto Assis, destaca que “um povo que conhece e honra sua história é um povo mais forte” e assegura, invocando sua condição de professor, que a obra é um “verdadeiro recurso pedagógico”: “Percebo este livro como um pilar fundamental para os projetos de educação patrimonial em nossas escolas. Ele não deve ser lido apenas, mas ser estudado e vivenciado. O resgate e a valorização das origens ancestrais e das lutas contidas nestas páginas se tornarão a base para formar cidadãos mais conscientes, críticos e comprometidos com a preservação da memória local para as futuras gerações”, afirma.
O organizador e editor, André Colombo, conta que a realização do livro foi possível através da conexão de dezenas de pesquisadores voluntários, que com sensibilidade e crítica, ajudam a pensar o passado, o presente e o futuro. “Os textos reunidos podem ser lidos aleatoriamente, apesar do esforço para ordená-los ou aproximá-los por pertinência. Esse projeto editorial certamente não é um fim, mas uma etapa de um trabalho em que se aponta para o muito que ainda deve ser feito. É um convite a outras pesquisas”, disse.
O lançamento será na Praça Aimbiré de Paula Andrade no dia 21 de dezembro, a partir das 9 horas da manhã. Além do livro, será inaugurada, nessa mesma ocasião, a exposição “Goianá – Muito Mais que 30 Anos”, uma linha do tempo dividida em quatro módulos, os contendo os principais destaques da história do município. Depois de exibida na praça Aimbiré de Paula Andrade, será apresentada nas escolas e em outras instituições goianaenses.
Através de iniciativas como essa, o município oferece um legado de grande qualidade e potência para essa e para as próximas gerações, não apenas de Goianá, mas também de Minas Gerais e do Brasil como um todo.


