
Prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião navega pela Lagoa da Pampulha - créditos - Samuel Arruda
05-10-2025 às 13h05
Samuel Arruda*
A recente proposta do Governo de Minas Gerais, da Prefeitura de Belo Horizonte e da Copasa de liberar a Lagoa da Pampulha para passeios de barco levanta preocupações legítimas e merece uma análise mais crítica e responsável. Apesar de ser um dos principais cartões-postais da capital mineira e Patrimônio Cultural da Humanidade, a lagoa continua enfrentando sérios problemas ambientais, como a poluição da água, o forte mau cheiro e o esgoto não tratado que ainda deságua em seu leito.
Hoje (05-10), pela manhã o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião, em coletiva à imprensa anunciou a retomada de passeios turísticos na Lagoa da Pampulha. Ele e demais pessoas que o acompanhava em uma prancha sem nenhuma condição de segurança navegou pela lagoa e garantiu que laudos apontaram que as condições da água melhorou e que será alugado barco tipo Catamarã com capacidade para 30 pessoas para passeios.
Mas os esgotos continuam poluindo a lagoa e abri-la para atividades turísticas nessas condições não apenas compromete a saúde pública e o meio ambiente, como também representa um retrocesso na gestão responsável dos recursos públicos. Centenas de milhões de reais já foram investidos, ao longo dos anos, em projetos de revitalização e despoluição, sem que os resultados esperados tenham sido plenamente alcançados. A população belo-horizontina ainda aguarda por soluções eficazes, sustentáveis e transparentes.
Iniciativas como essa deveriam estar condicionadas a metas claras de recuperação ambiental, com monitoramento contínuo da qualidade da água e envolvimento da comunidade no processo. O turismo na Pampulha tem grande potencial, mas só será viável e digno quando a lagoa estiver de fato limpa, segura e revitalizada — não apenas em discursos, mas na prática.
É urgente que os gestores públicos priorizem o saneamento básico, a preservação ambiental e o uso consciente do patrimônio coletivo antes de tentar transformá-lo novamente em um atrativo turístico. Do contrário, corremos o risco de perpetuar um ciclo de maquiagem urbana que ilude no curto prazo, mas cobra caro no futuro.
Samuel Arruda é jornalista