Pastor Lourival Matos Pereira da igreja do Evangelho Quadrangular Catedral da Família, em Belém, está no centro de uma crise local, supostamente por servir a dois senhores. Na última convenção estadual da referida denominação, que compareceu mais de 4 mil pessoas, disse que vem enfrentando acusações de irregularidades financeiras, tendo afirmado estar sendo “perseguido e acusado gravemente” nos últimos três meses.
Entre as denúncias contra o pastor, destacam-se:
1. Relato de um culto aos domingos – O pastor estaria sendo acusado de desviar recursos ao relatar apenas um dos cultos realizados no domingo. Ele teria se defendido dizendo que seguiu orientação do secretário da igreja e comparou sua prática à de outro pastor, que também relataria apenas parte das celebrações realizadas.
2. Contratos de imóveis em nome próprio – Lourival teria sido questionado sobre 45 contratos de imóveis que estariam em seu nome. Ele afirmou que já havia transferido esses contratos ao Conselho Estadual de Diretores (CED), mas que os documentos não foram encaminhados ao Conselho Nacional de Diretores (CND).
3. Falta de reconhecimento – Ele também teria se defendido de críticas relacionadas à sua atuação, afirmando que havia enviado relatórios com fotos e vídeos ao Secretário Nacional para documentar o progresso das obras na igreja, além de agradecer publicamente a ajuda recebida do Pastor Josué Bengson.
Apesar de suas supostas justificativas, as acusações contra ele já estaria sendo investigadas pelo Ministério Público do Pará, que apura possíveis crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas e enriquecimento ilícito.
Casos Similares no Brasil: A “Operação Mamon”
As investigações envolvendo o Pastor Lourival ocorrem em meio a uma série de operações realizadas pelo Ministério Público em todo o Brasil, focando em irregularidades financeiras em instituições religiosas e empresas ligadas a elas.
Um exemplo recente é a “Operação Mamon”, deflagrada em maio de 2023, que identificou a movimentação de mais de R$ 6 bilhões em lavagem de dinheiro, supostamente envolvendo uma igreja e uma rádio em Vespasiano, na Grande Belo Horizonte. De acordo com as autoridades, os suspeitos criavam empresas de fachada para ocultar recursos oriundos de crimes como estelionato e tráfico de drogas.
Entre os alvos da operação, destacam-se:
• Empresas sem empregados ou emissão de notas fiscais, mas que movimentaram milhões de reais;
• Uma padaria em São Paulo, que registrou R$ 30 milhões em transações financeiras, muito acima do esperado para o setor.
Além disso, foram cumpridos mandados em Minas Gerais, São Paulo, Alagoas, Tocantins e Amapá, resultando no sequestro de veículos e bloqueio de valores bancários que somaram R$ 170 milhões.
A “Operação Mamon”, conduzida pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e pela Polícia Civil, ilustra como igrejas e empresas ligadas a elas podem ser usadas para ocultar a origem de recursos ilícitos, levantando questões sobre a transparência e governança de instituições religiosas no Brasil.
Impacto e Controvérsias
As declarações de Lourival acenderam debates sobre a gestão financeira da igreja e levantaram questionamentos sobre a transparência nas operações administrativas. Ao tornar públicas as acusações durante o evento, ele acabou reforçando pontos que já estavam sendo tratados internamente pela administração da igreja e investigados pelo Ministério Público. https://youtu.be/Xxb9dEXBNlo?si=qk6zFqgjTfTspfay
A denúncia ao Ministério Público estaria apontando que Lourival e sua família teriam utilizado a imunidade tributária da igreja para beneficiar empresas pessoais, além de transferir recursos da igreja para atividades no exterior. Ele também é acusado de arrecadar grandes montantes em eventos bilhetados, realizados no templo religioso, sem a devida prestação de contas.
Riscos para a Credibilidade da Igreja
Especialistas apontam que situações como essa podem prejudicar a confiança dos fiéis na liderança e na administração da instituição religiosa. A falta de transparência e a politização das acusações internas transformam questões administrativas em problemas públicos, afetando a imagem da igreja perante a sociedade.
Enquanto o Ministério Público avança nas investigações, membros e lideranças aguardam esclarecimentos mais detalhados sobre as denúncias. A posição da Igreja pode ser fundamental para restaurar a credibilidade e garantir a transparência exigida pelos fiéis e pela sociedade.
Essa abordagem reforça como casos similares em diferentes estados estão sendo investigados, contextualizando as ações do Ministério Público e destacando a seriedade das acusações contra o Pastor Lourival.