Há pouco menos de 40 anos a soja ocupava uma área 4,4 milhões de hectares. Ano passado já atingia a quase 40 milhões de hectares, 14% de toda a área de agropecuária do Brasil.
10-12-2024 às 09h00
Direto da Redação*
Os empresários do agronegócio pensam só neles mesmos e ao que parece, para eles só interessa mesmo os dólares entrando na caixinha. Em menos de quatro décadas a área que eles ocupam com soja cresceu nove vezes no Brasil. Foi o que constatou levantamento da rede MapBiomas.
E como lavoura de soja não cresce para cima, como edifício de dezenas de andares, o leitor do Diário de Minas tem a medida do tamanho da área que os empresários ocupam, horizontalmente, a perde de vista (…) e podem imaginar o que havia ali antes e o impacto que essa mudança de floresta heterogênea para monocultura de soja, representa no meio ambiente. Um impacto violento.
O que os empresários do agronegócio fazem e alardeiam, em termos de ganho individual, significa o sacrifício de um sem número de árvores do Cerrado, que vem sendo usado nesse processo antolhado, que não consegue enxergar dos lados a fim de medir as consequências ambientais e socioeconômica que os seus investimentos provocam.
Pouco menos de 40 anos atrás, a soja ocupava uma área 4,4 milhões de hectares. Ano passado já atingia a quase 40 milhões de hectares, tamanho do Paraguai e a 14% de toda a área de agropecuária do Brasil. Tudo isso para plantar, colher e exportar para a Europa e a China alimentar os seus animais.
Quem é que ganha com isso, no final das contas? Os importadores e os empresários exportadores; o meio ambiente é comprometido sobre todos os aspectos. Quando se fala em meio ambiente são as árvores que fazem os rios, sem as quais os rios não correm.
Nos primeiros anos da análise, eram 18 milhões de hectares no período de 1985 a 2008. Um terço (30%) consumiu áreas de vegetação nativa (5,7 milhões de hectares) e 5 milhões de hectares (26%) do solo foi convertido de pastagem para soja.
No segundo período analisado, de 2009 a 2023, a soja predominava por mais 17 milhões de hectares, sendo 6,1 milhões de hectares (36%) de convertido em pastagem e 2,8 milhões de hectares (15%) com vegetação nativa.
Mas em 2023, os empresários avançaram com toda gana sobre o Cerrado (19,3 milhões de hectares). Em seguida vêm a Mata Atlântica (10,3 milhões de hectares) e a Amazônia (5,9 milhões de hectares). Os pesquisadores do MapBiomas ressaltam que o Pampa é o bioma que apresentou maior área proporcional em relação ao seu território, com mais de um quinto (21%) preenchido pela monocultura da soja (4 milhões de hectares).
Os empresários da soja haverão sempre de justificar esse avança como sendo favorável à economia do País. Mas se tudo for colocado na ponta do lápis, é possível que eles paguem impostos, mas independentemente disso, os ganhadores são os empresários porque a cada ano mais o Cerrado que é o alimento do Rio São Francisco, cai por terra. Se houvessem sinais de que os empresários investem alguma coisa na preservação do ambiente explorado, seria uma atenuante para o estrago que provocam, de maneira a mais irresponsável possível. Estão atirando o bumerangue e os efeitos da volta dela já estão chegando de volta.