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Ucho vive em Rio Preto, um paraíso

Ucho vive em Rio Preto, um paraíso

No momento, ele está em viagem pela Patagônia Chilena e disse ter se perdido “na imensidão dessas belezas austrais”.

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16-02-2024 às 09h:19

Direto da Redação e de Rio Preto*

Ucho Ribeiro é um daqueles amigos que a gente não convive com ele, mas cada um sabe um pouco do outro o suficiente para haver aquela relação de amizade e de respeito mútuo.

Sem contar que nós gostamos de coisas semelhantes. E ainda mais porque ele é filho do grande médico sanitarista Mário Ribeiro, ex prefeito de Montes Claros, do qual herdou o nome – Mário Ribeiro Filho; Ucho é apelido.

Para juntar ainda mais os laços, Ucho é sobrinho do professor Darcy Ribeiro, com quem trabalhei durante os seis meses em que ele esteve como secretário Extraordinário para Assuntos Sociais, no governo de Newton Cardoso, cheio de boas intenções para implantar em Minas Gerais a escola de tempo integral instalada em prédios próprios feitos de argamassa armada.

No momento, ele está em viagem pela Patagônia Chilena e disse ter se perdido “na imensidão dessas belezas austrais”.

Ucho leva a vida em meio às belezas de São Gonçalo do Rio Preto. E foi de lá que ele enviou ao Diário de Minas o texto abaixo, só como aperitivo, dizendo: “Segue uma pequetita, que retrata realmente o que São Gonçalo do Rio Preto representa para mim”.

É para lá que eu vou...

Ucho Ribeiro*

“Sossego eu conheci no Rio Preto. Atoíce atroz. Papo pro ar. Sem ter pra onde ir nem o que fazer. Bestar pelas ruas, apreciar casas, fachadas, visitar igrejas, jiboiar em águas cristalinas, aquentar sol, quarar, subir ladeiras, descer o rio, desvendar becos, conversar com um, beber com outro. Admirar a paciente ferragem de uma cavalgadura. Contemplar o zelo e o gosto do seleiro ao tecer uma cabeçada. Dar ouvidos ao trino trinar dos passarinhos. Dobrar esquinas por borboletas. Seguir cachorro sem rumo. Quietar horas na venda, num banco, vendo a arte do vender e do não vender. Assuntar prosa no boteco do Girino à beira-rio.

– Pega uma cadeira pro moço aí, menino! - E dirigindo-se a mim – Cê que é de Montes Claros, né?

– Sou!

– É, a cada dia chega mais um por aqui.

– Vem muita gente?

– Ô, se vem; cê precisa ver é no carnaval. É um furdunço só. Fica lotado.

– E onde fica esse povo todo?

– Espalhado por aí. Uns ficam em casa de parentes, outros abarracados nas praias… Moço, cê não vai acreditar, no carnaval deste ano eu vendi quatorze cafés com leite no domingo. Qua-tor- ze! É gente demais...

 Contive-me, na certeza de que ali era um lugar para voltar.

*Ucho Ribeiro é cronista

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  2 comentários

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Vou comprar um café com leite desses ainda.

De fato, o paraíso existe. Com o nome de Encantado, beleza e leveza transcendem em muito os seus significados. Porque é indescritível o que ali nos faz sentir cada detalhe do cheiro da brisa, da terra, da energia das águas do Rio Preto, da moldura da mata que abriga uma fauna feliz por ter ali seu defensor amigo. Sim, o Ucho, passarim que ali pousou, cuja simplicidade de alma encantou até seus "moradores" que nele sabem ter abrigo, possui na essência da reciprocidade da Mãe-natureza o silêncio da paz de alma e de coração. Assim ele nos presenteia com sua essência pura da boa raiz nos entregando seus textos-arte, suas histórias mágicas (inventadas e/ou enfeitadas com sua voz ímpar e seu riso idem), e com sua generosidade maior que o universo do Encantado que ele preserva.

 

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