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Brumadinho vive pesadelo 5 anos após tragédia da Vale

Brumadinho vive pesadelo 5 anos após tragédia da Vale

Como se não bastasse o rompimento da barragem, a população tem de conviver com as doenças de muitos tanto física como psicológicas

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12-01-2024 às 07:47h.

Direto da Redação

Os belo-horizontinos nem os mineiros de modo geral e muito menos ainda o Brasil e o mundo não imaginam como vivem os moradores de Brumadinho, a 55,5 quilômetros da capital, cinco anos depois da tragédia que se abateu sobre a região com o rompimento da barragem da mineradora Vale S.A.

Agora, os quase 40 mil habitantes do município, além de serem de alguma forma vítima do desastre, padecem dos efeitos colaterais do que é chamado de “dinheiro de sangue”, com a injeção de R$ 2,5 bilhões em indenizações, dentro do programa de transferência de renda e obras de reparação da Vale.

Como bem mostrou numa completa e extensa reportagem da UOL, assinada por Eliane Trindade e Marlene Bergamo, uma família que antes do desastre pagava aluguel de um imóvel R$ 1,5 mil, teve que se mudar para cidade vizinha porque não conseguia pagar R$ 3 mil.

Como se não bastasse o rompimento da barragem, a população tem de conviver com as doenças de muitos tanto física como psicológica cujos sinais se manifestam tanto no semblante como na alma dos moradores mesmo já tendo passado todo esse tempo.

Para se ter uma noção das dificuldades das pessoas, até os produtos de limpeza, fraldas geriátricas, carne bovina a situação reinante jogou os preços lá para cima. E tem mais: a falta de mão de obra para serviços é lastimável e os novos postos de trabalho criados pelas obras de recuperação foram ocupados por gente de fora.

O cenário original nunca será esquecido, principalmente porque a lama de 9,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos consumiu a vida de 270 pessoas, entre elas duas mulheres grávidas. A lama poluiu toda a bacia do Rio Paraopeba chegando a 26 municípios.

Outro dado espantoso é que o município tinha 38.915 habitantes e depois da tragédia até os dias de hoje, contando com 10 mil contratados para as obras de recuperação, abriga 50 mil pessoas.

Em contrapartida, a cidade de Brumadinho vive contrastes porque o dinheiro da indenização fez crescer o mercado de celular e veículos, além do imobiliário.

Até novembro de 2023, o Relatório de Acordo Geral de Reparação havia concluído 64% do compromisso de R$ 37,6 bilhões assinado em 2021 entre a Vale, Governo de Minas Gerais, Ministério Público Federal, MP e Defensoria Pública Estadual.

Viver em Brumadinho tornou-se um tormento, além de economia inflacionada, e a Associação das Famílias de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem do Feijão acompanha tudo e principalmente o Programa de Transferência de Renda (PTR), apelidado de “bolsa tragédia”, considerado o maior programa de transferência de renda privado do mundo. Alcançou 130 mil pessoas do Vale do Paraopeba.

Trata-se de um fundo de R$ 4,4 bilhões depositado pela Vale no cumprimento do “acordo de compensação”.

O que vai deixar o leitor a pensar é que os R$ 600 milhões circulantes na economia proporcionados pelo PTR são maiores que o próprio orçamento de Brumadinho para gastar no ano de 2024, de R$ 500 milhões. Mas esse fundo não é para sempre porque a expectativa é que permaneça só até o ano de 2025.

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