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Ailton Krenak, o primeiro índio a se tornar imortal na ABL

Ailton Krenak, o primeiro índio a se tornar imortal na ABL

Ele é de fala mansa, pausada e o que diz sempre faz sentido e assim vai vencendo na sua vida de ativista das causas indígenas e socioambientais

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11-10-2023 às 15:50h.

Direto da Redação

O indígena mineiro Ailton Krenak nasceu na região do Vale do Rio Doce (MG), em 1953, na tribo Krenak, e é o primeiro índio a ocupar uma Cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL). Evidentemente, alcançar esse patamar é uma façanha para qualquer cidadão, e para Ailton e o povo Krenak – para os indígenas de modo geral – é uma grande conquista, mas ele já está acostumado a vencer barreiras.

Pessoalmente, tem a sua maneira característica de ser e de se vestir, transmite a sensação de uma pessoa simples, que não deixa as homenagens e o poder subirem à cabeça. É de fala mansa, pausada e o que diz sempre faz sentido e assim ele vai vencendo na sua vida de ativista da causa indígena e socioambiental.

Ailton nasceu ativista e é a cara do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas. É comendador da Ordem de Mérito Cultural da Presidência da República e doutor “honoris causa” pela Universidade Federal de Minas Gerais e pela Universidade Federal de Juiz de Fora.

Ailton recebeu 23 votos na ABL e vai ocupar a Cadeira 5, antes ocupada por José Murilo de Carvalho, falecido em agosto deste ano de 2023. Disputaram com ele Mary del Priore, historiadora, e o escritor Daniel Munduruku, indígena também.

Merval Pereira, presidente da ABL enxerga Ailton como poeta com “visão de mundo muito própria e apropriada para este momento, em que o mundo está preocupado com o meio ambiente, em que os povos originários lutam por seus direitos. Tudo isso está embutido na vitória de Krenak na Academia. É um indígena que trabalha com a cultura indígena, com a valorização da oralidade”.

O presidente da ABL mencionou uma obra de Ailton, o livro “Futuro Ancestral”, no qual ele trata da preservação dos nossos rios como uma maneira de assegurar o futuro. “Os rios já estavam aqui antes de a gente chegar. Esta visão da natureza, do homem junto com a natureza, é que a gente está reforçando com esse grande escritor e intelectual indígena”, disse Merval.

Ainda não foi marcada a data da posse do mais novo imortal da Academia. A data dependerá ser combinada por ele na ABL.

Uma das grandes iniciativas dele como ativista ambiental foi a organização da Aliança dos Povo da Floresta, com a participação de povos ribeirinhos e indígenas da Amazônia, o que redundou na criação da União das Nações Indígenas (UNI).

Ele é membro do comitê gestor da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, o que se deu em 2005, como coautor da proposta da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

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