
China apoia ferrovia que ligará Brasil ao Pacífico por meio do Peru. CRÉDITOS: Ricardo Stuckert, PR
09-07-2025 às 09h12
Direto da Redação*
Brasil e China firmaram nesta segunda-feira (7) um acordo para viabilizar a construção de uma ferrovia que ligará o território brasileiro ao porto de Chancay, no Peru, com o objetivo de facilitar o escoamento de exportações para o mercado asiático, especialmente para a China. O projeto promete reduzir significativamente os custos e o tempo de transporte de cargas entre os dois continentes.
O memorando de entendimento foi assinado pela empresa pública Infra S.A., vinculada ao Ministério dos Transportes, e pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Econômico China Railway. A cerimônia ocorreu de forma virtual, com representantes do governo brasileiro e da embaixada da China em Brasília, enquanto a delegação chinesa participou por videoconferência.
De acordo com o projeto inicial, a ferrovia partirá da Bahia e passará por Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, até alcançar o Peru. O destino final será o porto de Chancay, inaugurado em 2024 com financiamento chinês e considerado estratégico para o comércio com a Ásia. A expectativa do governo peruano é que o novo corredor reduza o tempo de transporte de mercadorias de 40 para 28 dias.
Embora o porto esteja inserido na iniciativa chinesa “Cinturão e Rota” — conhecida como “Nova Rota da Seda” — o Brasil não aderiu formalmente ao programa. Segundo o governo federal, a parceria econômica com a China já ocorre de forma consolidada por meio de grupos multilaterais, como o Brics, e não exige adesão oficial à iniciativa.
O acordo firmado também prevê cooperação técnica entre especialistas dos dois países para aprofundar estudos sobre a infraestrutura logística brasileira, com foco na intermodalidade e em soluções sustentáveis.
Segundo Leonardo Ribeiro, secretário nacional de Transporte Ferroviário, o projeto representa “um passo estratégico para o setor de transporte no Brasil, especialmente na área ferroviária”. O acordo tem validade inicial de cinco anos e pode ser prorrogado. Iniciativas semelhantes já haviam sido discutidas entre 2015 e 2016, mas não avançaram devido ao cenário político da época.