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22-04-2025 às 08h28
Direto da Redação
Se o escritor e ex promotor de Justiça Henrique German fosse jogador de futebol, certamente, ele jogaria em todas as posições, de goleiro à ponta esquerda.
German parece ter nascido para escrever e como escreve esse cidadão, que consegue incursionar por todos os segmentos da literatura, desde romance, contos, crônicas, poemas, novelas, artigos e aí ele vai aumentando a cada dia do seu acervo cultural literário.
O texto de German é escorreito. Leva o leitor a imaginar o ambiente, como é o caso do livro de poemas intitulado “Avulsos”, de 85 páginas, que nos leva a vivenciar o cenário do cotidiano por ele desenhado, em alguns momentos, lépido. Noutros ele vai com mais força para obter a cor das almas dos fictícios personagens.
O escritor é um homem do nosso tempo e produz literatura com os sais e temperos do mundo que nos cerca, sem aquela gosma melodramática, embora vá fundo e sem arremedos em certos textos de seus poemas.
Para destacar, segue um deles intitulado
RAÍZES
“Arranquei os pés do chão, com força, decidido,
Tirei-os da terra de súbito, violentamente quase,
Às solas coladas, vieram também finas raízes,
As raízes, sacudi-as, debalde, contudo; ficaram.
“Arrastei os pés em mil chãos distintos, massando-os,
Amassei, tanto quanto, as delgadas raízes, sempre ali,
Pregadas estavam, assim ficaram, sem se enraizarem,
Em parte, algumas deitaram-se, não furaram as mil terras.
“Por mil lugares, andei arrastando, aos pés, as finas raízes,
Elas, por sua vez, acompanharam-me, discretas. Presentes,
Permaneceram firmes, embora fracas, aparentemente,
Mil voltas dei, mil raízes calquei, permaneceram elas, porém.
“Sem alarde algum, sem alarido, as raízes ficaram sempre comigo.
Aonde fui, por onde andei, carreguei-as junto de mim, sem peso,
Elas jamais se deitaram, recusaram-se a furar terra estrangeira,
Foi somente quando voltei ao meu torrão querido, envolto em mim,
Muitas mil saudades, que as raízes, finalmente, desceram, fincando-se, com raiva, no chão tão amado.
Pareciam fracas, as raízes finas, não o eram, contudo; eram fortíssimas, com a força que lhes
dava, perenemente, a terra natal,
As raízes eram fortes, sempre haviam sido, uma vez plantadas
No solo certo e devido, aquele em que sepultarei, um dia, o coração”.
Henrique German já publicou 22 livros e este de poemas teve a edição e revisão de Claudia Rezende. Capa, projeto gráfico e diagramação de Letícia Ribeiro lanhez.
O escritor é membro da Academia de Letras do Ministério Público de Minas Gerais e da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais.
Ao falar de German com o professor Paulo Roberto Cardoso e o jornalista Tito Guimarães Filho, destaquei o jeito característico dele, que transmite a sensação de estar em permanente “estado de graça”. Pelo menos é o que grassa no brilho do semblante dele.