
CRÉDITOS: Marinha do Brasil
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12-03-2025 às 08h25
Marcelo Barros*
Há poucas décadas, a presença feminina na Marinha do Brasil era restrita a áreas administrativas. Hoje, essa realidade mudou. Elas já representam 12,6% do efetivo da Força e estão cada vez mais presentes em funções operativas e de comando. A trajetória de pioneiras como a Soldado Fuzileiro Naval Fabiana Damasceno e a Segundo-Tenente Catarina Dowsley comprova que barreiras estão sendo superadas e que o futuro das mulheres na carreira militar naval é promissor.
A história da participação feminina na Marinha teve início em 1980, com a criação do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha (CAFRM). Inicialmente, as mulheres eram admitidas para atuar em funções administrativas e de saúde, sem a possibilidade de ingressar em cargos operacionais. Entretanto, esse cenário começou a mudar com o passar das décadas, impulsionado por transformações sociais e políticas de inclusão dentro da Força.
Atualmente, as mulheres estão presentes em todos os Corpos e Quadros da MB, inclusive nos setores operativos, antes de acesso exclusivo aos homens. Em 2023, a Marinha abriu vagas para a primeira turma mista de Soldados Fuzileiros Navais, marco histórico que simboliza a quebra de paradigmas. Além disso, o Colégio Naval e o Serviço Militar Inicial Feminino registraram mais de 7 mil candidatas, demonstrando o crescente interesse das jovens brasileiras pela carreira naval.
A ampliação do espaço feminino na Marinha não é apenas estatística. Histórias de mulheres que enfrentaram desafios e superaram barreiras ajudam a inspirar novas gerações. Entre elas está a Soldado Fuzileiro Naval Fabiana Damasceno, que se destacou ao se tornar a primeira mulher a conquistar o distintivo do Estágio de Qualificação em Operações no Cerrado. A conquista, resultado de um treinamento exaustivo em Brasília (DF), é um exemplo de como as militares estão assumindo funções que exigem alto preparo físico e mental. “Eu não imaginava que seria a primeira, mas agora sei que muitas outras virão depois de mim”, afirmou Fabiana.
Outro nome de destaque é o da Segundo-Tenente Catarina Dowsley, a primeira mulher a integrar o Quadro Complementar do Corpo da Armada (QC-CA). Formada em Engenharia Eletrônica e de Computação, ela enfrentou um rigoroso processo seletivo e hoje está apta a servir a bordo de navios de guerra, atuando na condução, operação e manutenção dos meios navais. “As mulheres têm capacidade para desempenhar qualquer papel nas Forças Armadas. Mais do que tudo, precisam acreditar que podem”, ressalta a oficial.
O avanço feminino também se reflete nos altos escalões. A Capitão de Mar e Guerra (Médica) Daniella Leitão Mendes, atual Vice-Diretora da Diretoria de Saúde da Marinha, está prestes a ser promovida a Contra-Almirante, cargo inédito para uma mulher em sua área. “É uma honra representar as militares femininas e uma grande responsabilidade. Sei que outras virão e alcançarão posições ainda mais altas”, declarou.
Com a crescente inclusão das mulheres em todas as áreas da Marinha, a tendência é que sua participação continue aumentando nos próximos anos. A expansão do acesso ao ensino militar, como a abertura do Colégio Naval para candidatas do sexo feminino, e a crescente oferta de vagas em concursos da MB são fatores que devem impulsionar essa evolução.
Além das oportunidades, o futuro da carreira naval para mulheres também envolve desafios. A adaptação a um ambiente tradicionalmente masculino, a necessidade de infraestrutura adequada nos navios e bases e a construção de uma cultura cada vez mais inclusiva são questões que a Marinha busca aprimorar. Segundo especialistas, a presença feminina na Força não apenas promove a igualdade de oportunidades, mas também contribui para a modernização e fortalecimento institucional.
Para as futuras gerações que desejam seguir essa trajetória, o recado das pioneiras é claro: dedicação e perseverança são fundamentais. O caminho já foi aberto, e agora cabe às novas militares continuarem avançando, provando que a competência e o espírito de serviço à Pátria não têm gênero.
*Marcelo Barros é jornalista, com informações e imagens da Agência Marinha