Com Trump, como negacionista do clima, podemos esperar mais emissões de gases na atmosfera além de uma possível não participação do governo norte-americano na COP 30, em Belém
11-01-2025 às 08h37
Cristiane Helena de Paula Lima Cabral*
O dia 20 de janeiro de 2025 é uma data esperada pela sociedade internacional. Nesse dia, Donald Trump assumirá o seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos.
Mas, por que a posse do presidente americano traz tantos temores?
Em um mundo afundado em guerras, algumas com maiores preocupações internacionais do que outras (vide o caso do Sudão, em que mais de cinco milhões de crianças foram obrigadas a fugir de suas casas, mas não vemos, infelizmente, nenhuma pressão internacional para pôr fim à guerra), é imprevisível imaginar o que possa acontecer.
Em sua campanha presidencial, o Presidente afirmou que iria realizar uma deportação em massa dos imigrantes ilegais que estão em solo americano, além de assegurar pelo aumento das taxas de importação para alavancar a economia americana, o que irá impactar a economia brasileira e chinesa. Já o ouvimos afirmar que gostaria de anexar o Canadá, o Canal do Panamá e a Groenlândia aos EUA. E ainda tem toda a questão com a Venezuela…
Correndo por fora e temendo não ser protagonista nesse novo cenário internacional, a Rússia continua com o seu plano de anexação da Ucrânia a seu território ou, ao menos, garantir que o país ucraniano adira à OTAN (não se sabe a real atuação americana, já que o Presidente Trump é “amigo” de Putin, mas prometeu a Zelensky que acabaria com a Guerra). A China continua investindo no seu plano “Made in China 2025”, e o governo chinês tenta desenvolver o país com o fomento da indústria de alta tecnologia, mas, ao que tudo indica, teremos uma desaceleração da economia chinesa, que, também, certamente, impactará, não só no Brasil, mas em outros países sul-americanos.
Além da questão econômica, o início de 2025 promete emoções no campo político. O Canadá inicia o ano com a renúncia do seu primeiro-ministro, Justin Trudeau, após ter sido pressionado pelo próprio partido, assiste ao crescimento de problemas econômicos e vê como certa a pressão americana de Trump para garantir uma fronteira compartilhada e o controle de migrantes irregulares e drogas ilegais.
No Europa, o cenário também não é muito diferente. O final do ano de 2024 foi marcado pela dissolução do governo do primeiro-ministro Olaf Scholz, e o Bundestag alemão enfrenta o crescimento do extrema-direita em seu país. Na Áustria, pela primeira vez, desde a 2ª Guerra Mundial, essa extrema direta ganhou espaço para liderar o governo e, vê-se, cada vez mais, o aumento do conservadorismo europeu e das políticas contra imigrantes e isolacionistas.
Também podemos destacar o Oriente Médio. A Guerra Israel-Hamas parece não ter fim, e Gaza ganha um novo aliado com os houthis no Iêmen, mas, por outro lado, Donald Trump está de volta e promete o apoio incondicional a Netanyahu. A Síria tem um novo governo, considerado terrorista por alguns, mas que promete ser progressista e respeitar os direitos humanos, em especial, o das mulheres. E, muito perto dali o Talibã torna cada vez mais rígida a política do seu Ministério da Moralidade, principalmente para as mulheres.
E, por fim, citam-se as questões climáticas… com Trump, como negacionista do clima, podemos esperar mais emissões de gases na atmosfera além de uma possível não participação do governo americano na COP 30, que ocorrerá no Brasil, neste ano.
São tantas questões para 2025 que é impossível prever o que acontecerá. Esperamos que os líderes mundiais tenham consciência e não transformem a Terra num jogo eterno por disputa de poder além do que já vimos em anos anteriores. É aguardar para ver.
*Doutora em Direito Público Internacional pela PUC/MG, mestre em Ciências Jurídico-Internacionais pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa-PT, professora servidora do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, professora universitária