Como conhecemos o antes, o durante e vivendo o depois de tudo isso, caímos na real e podemos dizer sem o receio de errar, a qualidade de vida na capital mineira caiu aos mais baixos níveis.
07-01-2025 às 09h29
Bento Batista*
O conceito dele, de cidade, é muito simples. Deve ser um lugar construído para bem servir à sua população, afinal é quem sustenta as despesas públicas.
Resumidamente, essa é a ideia do navegador e escritor Amyr Klink, o brasileiro que já esteve na Antártida dezenas de vezes, muitas delas sozinho: “As cidades precisam parar de crescer”.
Ele me disse isso, aqui, em Belo Horizonte, certa feita, quando fazia a cobertura jornalística para um jornal sobre um evento do qual participava.
E disse mais o Klink, os administradores deviam investir na qualidade de vida sob todos os aspectos tendo em vista o bem estar da população.
Todavia, não é isso que assistimos nas cidades brasileiras de modo geral. Mas, como o tema é Belo Horizonte, vamo-nos ater à “ex-Cidade Jardim”. Até quando era chamada assim, não tinha lugar melhor para a gente viver.
Como conhecemos o antes, o durante e vivendo o depois de tudo isso, caímos na real e podemos dizer sem o receio de errar, a qualidade de vida na capital mineira caiu aos mais baixos níveis.
As chamadas autoridades estão naquela de “vai, vai que estou olhando”. E ficam olhando.
Agora passaram a ouvir também, o quanto a poluição sonora aumentou. Continuam olhando…
Hoje, qualquer pessoa que tenha condição de comprar um microfone ou um alto-falante, e se trabalha no comércio ambulante, sai por aí anunciando os seus produtos e da forma a mais irritante possível, com gravação que não para de repetir a venda de ovos, de alho roxo…
É compreensível que tenham de anunciar a sua mercadoria, mas por meio de uma gravação que fica a repetir a mesma coisa 15 minutos, com o carro parado enquanto atende eventuais fregueses, é poluição demais para não motivar reclamações.
A bagunça está generalizada. As questões relativas à civilidade e o respeito nas relações humanas, já foram, como se diz, “pras cucuias” há muito tempo.
Só porque o camarada adquiriu uma aparelhagem de som se acha no direito de impor o volume da altura em que bem quer a qualquer hora do dia ou da noite e não há nenhuma autoridade capaz de socorrer o cidadão pagador de impostos e praticante da civilidade.
E como todos estão, como disse, naquela de “vai, vai que estou olhando”, agora estão a ouvir também, mas nada fazem para pôr cobro ao desrespeito e aos abusos vividos no dia a dia.
O cidadão cumpridor das leis e dos seus deveres já não tem mais os direitos porque há uma tribo por aí, de emergentes, que se impõe como se fora o quarto poder.
Com os poderes desgastados, e as pessoas no dia a dia buscando fora o que se encontra dentro de si, e cada vez mais a alimentar maus sentimentos, o viver por aqui, por essas plagas, está mais difícil.
Em Beagá desde 1972, se pode dizer, tanto a capital como a terra natal precisam passar por uma readequação, tendo em vista o dizer de Amyr Klink, com o qual este texto foi iniciado.
E as chamadas “autoridades”, que procurem, em 2025, fazer jus aos proventos retirados dos impostos pagos pelos cidadãos e passem a melhorar a prestação de serviços à população principalmente no tocante a segurança pública e a contenção de toda forma de poluição – a sonora, então, está sem limites.
*Jornalista e escritor