Todos estão no centro de suas próprias vidas e os processos de escolha são inerentes e inevitáveis. Escolher pressupõe perdas e ganhos, decisivamente, dizer sim e não, na mesma medida.
23-12-2024 às 08h44
Daniela Rodrigues Machado Vilela*
A vida se perfaz de uma sucessão de acontecimentos aleatórios e escolhas, é um jogo de caos e busca por equilíbrio. Os indivíduos projetam, em alguma medida, “afinar a máquina”, aperfeiçoar-se. Idealizam-se projetos, obstam-se os medos e extravasa-se de alegria nos momentos possíveis. Tudo faz parte da trajetória humana.
Fim de ano é tempo de desejar e, também, de agradecer pelas coisas já conquistadas. É hora de fazer um balaço. Há um cansaço, um esgotamento e é tempo de buscar revigorar as energias, descansar, desacelerar um pouco.
A vida é uma sucessão de acontecimentos sobre muitos dos quais não se tem controle algum. Há dores que marcam a alma, pessoas queridas que perdemos, fracassos, arrependimentos, tudo faz parte. O sofrimento é inerente ao ato de existir, na mesma medida, há o contentamento.
Assim, como a tristeza, a alegria perfaz o outro lado da moeda. O tempo presente é frágil e se esvai rápido. Devem todos desconfiar de fórmulas mágicas para a felicidade.
Uma visão simplista das coisas parece sempre equivocada. Tudo é complexo, envolve muitas variáveis.
Todos estão no centro de suas próprias vidas e os processos de escolha são inerentes e inevitáveis. Escolher pressupõe perdas e ganhos, decisivamente, dizer sim e não, na mesma medida. Se escolho algo, perco outras coisas que não foram escolhidas.
Para viver de modo mais pleno e aperfeiçoado é importante ter gratidão, pois este é um importante mecanismo, agradecer o que se tem nos lembra que ainda que falte algo, possuímos muitas outras coisas já conquistadas.
Vale se perguntar sobre o que se quer para o ano novo, mas também reconhecer que nem tudo o desejado pode de fato trazer a satisfação esperada, ou mesmo se concretizar.
Certos desejos, como ganhar mais dinheiro, traz felicidade até certo ponto, depois de um dado nível, o índice de satisfação não se altera. Ainda que ter recursos materiais seja indispensável para a manutenção da vida.
A procura pela felicidade pode ser perigosa, pois quem procura, esquece, por vezes, do já conquistado. É imperioso saber desfrutar o presente, aumentar o nível de prazer com o que se tem. Uma pessoa feliz depende de sua carga genética e sobre isto, não se tem controle, mas também, depende do quanto se dispõe a enxergar sua história de vida, sobre isto, há alguma margem de manobra. O olhar que temos sobre o percurso percorrido é importante.
Procurar o que faz bem, saídas criativas dos labirintos da vida, é fundamental.
Assim como, se comprometer com um projeto, ter propósitos.
Ano novo é tempo de positividade e, para além, de ações transformadoras.
Oportunidade de dar significado à própria existência e buscar ser coerente com o se propôs enquanto meta. Ter um objetivo, pertencer a algo maior. Ter propósitos de solidariedade e humanidade, promover o justo nas práticas cotidianas. Tentar se livrar das afetações tolas. Questionar e reafirmar as escolhas ou mudar de curso, rever o escolhido.
O que tem valor para você? Tente preencher a vida com o que de verdade lhe faz sentido.
Organize-se, busque sanidade mental, sabedoria, suavidade, desprendimento. Sua jornada é só sobre si mesmo ou você propõe contribuir com algo maior? A felicidade não é um fim, é a caminhada, a trajetória de vida é o que importa, o resto é episódico. Que venha 2025!
*Doutora, Mestra e Especialista em Direito pela UFMG. Atualmente, realiza Estudos Pós-Doutorais pela também UFMG, com financiamento público da Fapemig. Professora convidada no PPGD-UFMG (Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Minas Gerais).